A China continua liderando o desenvolvimento industrial renovável no mundo, representando um quarto dos US$ 250 bilhões em investimentos, seguida pelos Estados Unidos, com 20% e pela União Europeia, com 15%.
Contudo, um bloco de mercados emergentes, incluindo países como Índia, Egito e Brasil — parte do ‘novo cinturão industrial solar’ — está rapidamente alcançando os países com bases industriais históricas, de acordo com o relatório da Mission Possible Partnership (MPP), baseado em dados do Rastreador Global de Projetos (Global Project Tracker).
Os “três grandes” líderes industriais podem em breve ser superados por uma série de países recém-industrializados, capitalizando condições favoráveis para a produção de energia renovável e ganhando impulso em setores na vanguarda de uma nova revolução industrial renovável.
Segundo o relatório, no centro dessa mudança está o cinturão industrial solar, uma região que abrange a África, Ásia e América do Sul, onde recursos naturais abundantes estão sendo aproveitados, e ambientes de apoio político e vantagens de custo se combinam para criar condições ideais para novos processos industriais.
Indonésia e Marrocos, por exemplo, garantiram um quinto do investimento em plantas industriais limpas até o momento. Além disso, existe uma oportunidade de investimento de US$ 948 bilhões para projetos anunciados, particularmente porque as economias dominadas pela agricultura veem cada vez mais a amônia verde de baixo custo para fertilizantes como uma oportunidade econômica e uma chance de construir maior segurança alimentar.
Pipeline industrial
O relatório denominado Indústria Limpa: Tendências de Transformação, produzido pela MPP e apoiado pelo Acelerador de Transição Industrial (ITA), mostra um pipeline global de US$ 1,6 trilhão de projetos anunciados, mas ainda não financiados.
Os países do cinturão industrial solar respondem por 59% desse pipeline, em comparação com 18% para os EUA, 10% para a UE e apenas 6% para a China. Os projetos abrangem setores de alumínio, produtos químicos, cimento, aviação e aço.
Ao todo, 823 plantas industriais em escala comercial, em 69 países, estão registradas no Rastreador Global de Projetos da MPP. O crescimento observado destaca que empresas ao redor do mundo continuam a capitalizar projetos industriais limpos e explorar mercados emergentes, apesar da incerteza geopolítica e econômica contínua.
Os dados mostram que, de todos os projetos, 69 estão operacionais e 65 garantiram financiamento, com oito atingindo a decisão final de investimento nos últimos seis meses. Os 692 projetos restantes foram anunciados, mas ainda não foram financiados.
Os setores de indústria renovável de crescimento mais rápido são a amônia verde (28 plantas na FID, 344 anunciadas) e os combustíveis de aviação sustentáveis (22 plantas operacionais, sete na FID e 144 anunciadas). Ambos apresentam um forte caso de negócios: a amônia sendo uma solução direta para o setor de fertilizantes, e os combustíveis de aviação sustentáveis se beneficiam de forte apoio regulatório e político, bem como de uma demanda contínua por viagens aéreas.
O mercado de amônia verde no cinturão
A análise mostra que os novos países do cinturão industrial solar abrigam mais de três quartos de todas as instalações de produção de amônia verde em escala comercial planejadas globalmente.
A diminuição dos custos de eletricidade e eletrolisadores em mercados emergentes dentro do cinturão industrial solar significa que vários países devem reduzir o custo da amônia verde abaixo da amônia cinza baseada em combustíveis fósseis até 2035.
Além disso, a amônia verde produzida no cinturão deve custar até metade do preço da produzida na Europa Ocidental ou nos EUA, ressaltando a importância do acesso à energia renovável de baixo custo.
Para economias de baixa e média renda, a transição representa uma oportunidade de pular o desenvolvimento intensivo em carbono, acessar novos mercados de exportação e obter uma vantagem competitiva na atração de indústrias criadoras de valor.
O desenvolvimento de bases industriais limpas domésticas pode impulsionar o crescimento econômico sustentável, criar empregos, fortalecer a segurança energética e agrícola e permitir que essas nações se tornem players significativos nos futuros mercados de commodities limpas.