Sustentabilidade

É preciso reaprender a dialogar, dizem especialistas sobre projetos na Amazônia

É preciso reaprender a dialogar, dizem especialistas sobre projetos na Amazônia

É preciso reaprender a conversar. Esse foi um dos argumentos defendidos pelos participantes do debate realizado na manhã desta quarta-feira (21/10), no âmbito do XII Fórum Instituto Acende Brasil, organizado em parceria com a MegaWhat. O objetivo do encontro, transmitido pela internet em três sessões diárias, é discutir a preservação e o desenvolvimento da Amazônia, de acordo com a visão do empreendedor, do terceiro setor e do poder público.

A ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, convidada para a sessão de hoje, considera a discussão sobre o presente e o futuro da Amazônia como estratégica para o Brasil. “O mundo econômico e financeiro está atento a temas como risco climático e preservação ambiental da Amazônia, em função de mercado e do comportamento de consumidores”, afirmou.

“Hoje, são muitos os players envolvidos em questões como os desafios do desenvolvimento econômico, a crise climática, perda de biodiversidade, perda acelerada de espécies e fragmentação dos serviços ecológicos. Tudo isso tem a ver com a Amazônia”, disse a ex-ministra, durante a sessão “Visão do Terceiro Setor”, neste segundo dia do fórum.

No novo formato de propostas para o desenvolvimento, que inclui a preservação ambiental na agenda de negócios do século 21, a responsabilidade compartilhada é um dos pilares a ser considerado. E responsabilidade compartilhada pressupõe diálogo entre diferentes olhares e linhas de atuação, como destaca Izabella Teixeira.

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Segundo ela, é preciso desenvolver uma nova capacidade de diálogo, que inclua governo, órgãos de controle e sociedade civil organizada e, assim, criar pontos de vista que caminhem para convergências. Izabella Teixeira é co-presidente do Internacional Resource Panel das Nações Unidos e membro da liderança do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU.

De acordo com a análise de André Guimarães, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, o Brasil vive um momento de polarização de opiniões, e “é exatamente por causa da polarização que precisamos colocar mais energia na tentativa de dialogar”.

Ele citou como exemplo bem sucedido de diálogo, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, iniciativa composta por mais de 250 organizações, empresas do agronegócio, associações, ONGs, institutos de pesquisa, bancos, indivíduos, escritórios de advocacia e de consultoria, que participam de vários fóruns em que discutem como o Brasil pode avançar na questão do uso da terra de forma mais sustentável. “Em cinco anos de existência, temos conseguido dialogar e construir propostas concretas em relação a diferentes temas”, afirmou.

Com foco específico no setor elétrico, a intervenção de Karen Oliveira, gerente de Políticas Públicas e Relações Internacionais da TNC Brasil (The Nature Conservancy), no debate de hoje, ressaltou a importância da proatividade na estruturação de projetos de grande porte. “A vivência da TNC na Amazônia tem nos mostrado que quanto mais cedo você iniciar o diálogo entre os diferentes atores envolvidos em um projeto, mais sucesso você tem.”

Ela observou que, não raro, o diálogo só começa a acontecer em projetos de implementação de grandes obras de infraestrutura, na fase do licenciamento ambiental. “Nesse caso, já é muito tarde, porque a decisão de fazer o empreendimento, na grande maioria das vezes, já está tomada”, afirmou.

“É preciso começar a dialogar na fase de inventário, de estudo de viabilidade técnica e ambiental do projeto. No caso da Amazônia, precisamos dialogar com as comunidades locais e os povos indígenas. A medida que se posterga esse processo, ele fica mais conflituoso, as dúvidas sobre o que está acontecendo são muitas e os diferentes interesses acabam sendo sobrepostos e gerando polaridades.”

A segunda sessão do XII Fórum Instituto Acende Brasil foi mediada pelo presidente da instituição, Cláudio Sales, e foi pelos jornalistas da Megawhat Rodrigo Polito e Camila Maia. Também contou com a participação de Alexandre Uhlig, diretor de Assuntos Socioambientais e Sustentabilidade do Instituto Acende Brasil.

O evento, aberto à participação dos inscritos por meio de perguntas, prossegue amanhã (22/10), último dia de apresentações e debates, das 8h30 às 10h, com transmissão pelo Zoom, Youtube e pela plataforma Megawhat.

O tema do debate de amanhã será “Visão do Poder Público”, com a participação de Rodrigo Agostinho Mendonça (PSB-SP), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, e Thiago Barral, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EP). Para rever o debate de hoje, clique aqui.

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