Sustentabilidade

Emissões por termelétricas caem em 2022, mas perspectiva é de crescimento de número de usinas

Em 2022, as 72 usinas termelétricas fósseis conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) emitiram 19,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e), montante 65% inferior ao registrado no ano anterior.

Emissões por termelétricas caem em 2022, mas perspectiva é de crescimento de número de usinas

Em 2022, as 72 usinas termelétricas fósseis conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) emitiram 19,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e), montante 65% inferior ao registrado no ano anterior.

A redução se deve ao menor uso das térmicas, que geraram 67% menos energia em 2022 comparado a 2021, em função do crescimento de fontes solares e eólicas e das melhores condições climáticas, que favoreceram o acionamento de hidrelétricas. As fontes renováveis foram capazes de suprir o aumento de 3% na demanda observado no período.

As informações são do 3º Inventário de emissões atmosféricas em usinas termelétricas divulgado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) nesta quinta-feira, 19 de outubro. O estudo avaliou as emissões de usinas térmicas conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN). São desconsideradas, portanto, a geração nos sistemas isolados, por fontes renováveis e de autoprodução não injetada na rede.

Apesar da redução na geração fóssil, o IEMA avalia que há uma consistente tendência de aumento no uso de usinas térmicas no médio prazo sistema elétrico brasileiro, diante da previsão de instalação de 8 GW em térmicas a gás aprovada na lei da privatização da Eletrobras (Lei 14.182/2021) e pela postergação de subsídios a térmicas a carvão aprovada pela Lei 14.299/2022. O estudo também observa que, mesmo sem demanda, nove projetos térmicos entraram em operação em 2022, sendo oito deles contratados no leilão emergencial de 2021, quando as condições climáticas reduziram a geração hídrica.

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Segundo o estudo, a geração fóssil representou 4,58% da eletricidade gerada no Brasil em 2022, o equivalente a 31 TWh. O combustível mais utilizado foi o gás natural, que respondeu por 71%, ou 45,6 TWh, da geração. Em seguida, os combustíveis mais utilizados foram o carvão mineral (15%, 9,6 TWh), óleo combustível (12%, 8,1 TWh) e óleo diesel (2%, 1,4 TWh). No período, a geração por carvão mineral aumentou 5% sua participação na geração fóssil e respondeu por 22% da geração. As usinas movidas a carvão são as responsáveis pelo maior índice de emissões de gases estufa, segundo o estudo do IEMA.

Entre as usinas mais ineficientes, quando se compara a geração pelo volume de emissões, estão Candiota III, com 1,31 mil toneladas de CO2 por GWh; Pampa Sul, com 1,15 mil toneladas de CO2 por GWh e Jorge Lacerda I e II, que emitiram 1,1 mil toneladas de CO2 por GWh gerado. Todas são movidas a carvão mineral.

Com isso, a Engie Brasil Energia, que detinha participação em Pampa Sul até junho de 2023, foi a empresa que mais emitiu gases estufa em comparação à energia gerada, com 1,15 mil toneladas de CO2 por GWh. Em seguida, estão Fram Capital Energy, que respondia por Jorge Lacerda I a IV, com 988 mil toneladas de CO2 por GWh e a Eletrobras, que detinha seis térmicas, com 763 mil toneladas de CO2 por GWh.

Na contagem absoluta, a Petrobras foi a empresa que mais emitiu gases estufa, com 4,1 mil toneladas de CO2e. Entretanto, na maior parte de susas térmicas, a Petrobras usa o sistema de gás natural com ciclo combinado, considerada uma tecnologia menos poluente. Com isso, a empresa tem uma média de 419 mil toneladas de CO2 por GWh, o que a coloca em 20º lugar entre as empresas quando as emissões são proporcionalizadas à geração de energia.

Outro fator que chamou a atenção dos técnicos do IEMA na elaboração do estudo foi a falta de informações disponíveis sobre o consumo de combustível e o impacto ambiental das usinas. Apesar de o preenchimento do Relatórios de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais (Rapp) ser uma obrigação legal para todas as empresas que exercem atividade poluidora, a pesquisa identificou “dados incongruentes ou ausentes” para 31 das 72 usinas analisadas.