Venezuela

Falha em linha que traz energia da Venezuela provoca apagão em Roraima

Linhão de Transmissão / Crédito: Agência Brasil
Linhão de Transmissão / Crédito: Agência Brasil

A importação de até 15 MW da Venezuela para abastecimento de Roraima teve início na sexta-feira, 14 de fevereiro, mas no dia seguinte a ocorrência de uma falha a partir da linha de transmissão provocou um blecaute no estado, único do Brasil ainda isolado do Sistema Interligado Nacional (SIN). 

Segundo informações disponibilizadas pelo ONS, uma falha no dia 15 de fevereiro levou à ‘abertura da linha’ de transmissão 230 kV Boa Vista/Santa Elena, que fecha a interligação do sistema Roraima com o sistema Venezuelano.

No sábado (15), às 16h16, o ONS identificou o desligamento, que durou até às 22h08 do mesmo dia levando o sistema a importar 7 MW ante uma programação 15 MW.

O desligamento levou a um efeito em cascata das cargas de Roraima. Segundo o operador, “no mesmo minuto, houve o desligamento total da UTE Jaguatirica II, que estava gerando 67 MW. Consequentemente, houve atuação do 5° estágio do Erac, interrompendo 103 MW, correspondendo a 65% da carga do estado de Roraima”, relata o operador.

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O Erac é um sistema de proteção do sistema que busca restabelecer o equilíbrio entre a geração e a carga do sistema elétrico, por meio do desligamento de cargas pontuais.

O Informe Preliminar de Interrupção de Energia no Sistema Interligado Nacional (IPIE) aponta que 15 minutos após o desligado, houve o desligamento total do sistema Roraima com a interrupção de 60 MW de cargas que ainda permaneciam ligadas após o primeiro evento. A recomposição das cargas foi iniciada às 16h52, sendo concluída às 17h50.

A reportagem procurou o ONS e a Bolt Energy Comercializadora – empresa responsável pela importação no sistema –, mas não obteve retorno até a publicação da matéria.

Importação da Venezuela

A retomada da importação de energia da Venezuela foi pensada para reduzir o custo da CCC relacionado ao suprimento de Roraima. Para terem aprovação, as importadoras precisam conseguir comprar energia do país vizinho a um custo inferior ao do acionamento do parque termelétrico que abastece a região.

A importação da Venezuela é realizada por meio da linha de transmissão 230 kV Boa Vista – Santa Elena de Uiarén, responsável por interligar o ponto de medição ao ponto de entrega estabelecido na subestação Boa Vista. A infraestrutura precisava de melhorias significativas, já que deixou de ser usada em 2019, quando o então presidente Jair Bolsonaro encerrou a importação da energia do país vizinho. Na época, a falta de investimento na manutenção da infraestrutura se refletia em falta de qualidade no fornecimento de energia a Roraima, que sofria com apagões frequentes.

Um teste foi realizado em janeiro pelo ONS para verificar a viabilidade de importação de energia da Venezuela, e na ocasião o operador concluiu que “havia necessidade da complementação de informações e análises para a efetiva conclusão de viabilidade”.

Aneel avalia redução da CCC

A importação de energia pela Bolt Energy Comercializadora pode economizar R$ 42 milhões em recursos da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), considerando o máximo de 15 MW entre o período de janeiro a abril de 2025.

A avaliação foi feita no contexto de um processo sobre o tema cuja deliberação deve acontecer na próxima reunião da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), marcada para 18 de fevereiro. O voto da diretora Ludimila Lima, relatora do processo, foi disponibilizado e prevê a autorização para a importação, mas ainda precisa ter o aval dos demais diretores da autarquia.