
Enquanto aposta em tecnologias como drones, subestações digitais e cabos subterrâneos para modernizar seus ativos, a Taesa alerta para a necessidade de mecanismos alternativos que evitem a paralisação de projetos de transmissão em casos de greve ou inoperância de órgãos ambientais, como ocorreu durante a greve do Ibama em 2024.
“O licenciamento ambiental sempre é um desafio”, afirma Jell Lima de Andrade, diretor de Implantação da Taesa, que explicou que o setor foi significativamente afetado durante a paralisação do órgão no ano passado. “Não há hoje um órgão que possa substituir o Ibama em situações de impossibilidade de atuação, e isso precisa ser pensado como evolução legislativa.”
Para o executivo, o arcabouço regulatório ambiental do Brasil é robusto e dá segurança para os empreendimentos. A transmissora, por ter uma área específica para licenciamento ambiental, concentrou seus esforços nessa área no ano passado para tentar superar os atrasos, mas ainda assim foi afetada pela paralisação, que aconteceu de janeiro a agosto em meio às negociações salariais dos servidores com a União. “Isso tudo trouxe bastante impacto, mas hoje posso dizer que nossos projetos estão licenciamentos nas fases necessárias”, disse.
Inovação para modernizar a rede
A Taesa vem intensificando a adoção de novas tecnologias para aumentar a eficiência e a segurança de seus ativos. Entre as inovações mais recentes está a instalação do primeiro cabo subterrâneo de 500 kV do Brasil, no projeto de reforço da subestação de Assis (SP), que também receberá um dos maiores transformadores em corrente alternada do país, com potência de 500 kV/500 MVA.
“O uso desse cabo foi a única solução viável para viabilizar o reforço, e só foi possível graças a um trabalho conjunto com o ONS”, explicou Andrade, que considera a obra um marco para o setor, pela potência envolvida e pela complexidade do projeto.
A obra é relevante porque vai aumentar a potencia disponível ao estado do Paraná em 2 GW, por meio da conexão com São Paulo.
Além disso, a empresa vem ampliando o uso de drones tanto na inspeção quanto no lançamento de cabos em áreas sensíveis, como trechos de Mata Atlântica, onde a tecnologia permite a instalação das linhas sem necessidade de desmatamento.
“As torres chegam a ter 70, 80 metros de altura. Para poder atravessar a mata sem desmatamento da Mata Atlântica, fazemos o lançamento com drones”, afirma o executivo.
A digitalização das subestações e a aplicação da metodologia Lean Construction, abordagem que visa otimizar a gestão de projetos com eliminação de desperdícios em obras, também fazem parte da estratégia de modernização. “Começamos com o projeto de Tangará, no Maranhão e Pará, e depois vamos expandir para o Paraná, no projeto de Ananaí. Reduzimos desperdícios, custos e aumentamos a produtividade”, diz.
Pressão para acelerar investimentos
A preocupação com o licenciamento e o uso de novas tecnologias para aumentar a eificiencia ocorrem em um momento de pressão crescente por investimentos em transmissão, diante de novos vetores como data centers, hidrogênio verde e o aumento do curtailment de renováveis.
Apesar dos gargalos, o executivo da Taesa defende preservar o modelo de leilões, com eventuais ajustes pontuais. “Desestruturar o que tenmos não seria benéfico. Seria benéfico concentrar mais investimentos, aprimorar os meios que temos, torná-los mais robustos, já que é isso que dá visibilidade para os investidores e que traz mais estabilidade ao setor. Penso que será o caminho que vamos trilhar”, disse.
Além de avaliar oportunidades em novos leilões de transmissão, a Taesa mira o segmento de armazenamento de energia, especialmente com o uso de baterias, desde que o segmento seja “devidamente regulamentado”, uma vez que os sistemas podem garantir reforços no sistema.