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A volatilidade dos preços de energia veio para ficar?

O mercado de energia se deparou com um novo cenário de volatilidade dos preços, não mais dependendo de períodos pontuais.

Rodrigo Limp, vice-presidente de Regulação e Relações Institucionais da Eletrobras (E) e Camila Maia, jornalista da MegaWhat (D)
Rodrigo Limp, vice-presidente de Regulação e Relações Institucionais da Eletrobras (E) e Camila Maia, jornalista da MegaWhat (D)

Com uma matriz energética mais diversificada e a implementação do preço horário, o mercado de energia se deparou com um novo cenário de volatilidade dos preços, não mais dependendo de períodos pontuais, como o seco e úmido, ou num contexto de despacho hidrotérmico.

“Antes de 2021, não tínhamos PLD horário, então a gente não observava volatilidade horária, embora na operação no sistema, em tempo real, houvesse uma diferença de custo nas horas”, explicou o vice-presidente de Regulação e Relações Institucionais da Eletrobras, Rodrigo Limp, em entrevista ao MegaCast.

Segundo Limp, com o preço horário, a volatilidade agora se reflete numa sinalização de preços mais adequada do que antes, com alta do PLD principalmente quando anoitece e não há geração solar fotovoltaica. “A hidrelétrica é a fonte que tem essa capacidade de flexibilidade e resposta rápida aos comandos do operador, e a Eletrobras é dona de quase metade das hidrelétricas do país”, disse.

A Eletrobras é atualmente a maior empresa de geração de energia elétrica brasileira, com 42,6 GW em potência quase na sua totalidade proveniente de hidrelétricas, e equivalente a 23% do total da capacidade instalada do país.

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O executivo lembra que antes da diversificação da matriz, com entrada das renováveis não despacháveis, a complexidade do atendimento era baseada na questão energética, com os reservatórios das hidrelétricas ditando o preço da energia e as projeções de longo prazo. Hoje, considerando um período hidrológico ruim, há a possibilidade de despacho termelétrico, mas também de fontes intermitentes.

“Foi um grande avanço para o setor, o início do período de horário. Você traz uma sinalização mais adequada de preço ao longo dos dias. Houve grandes avanços, ainda há muito a ser feito, mas de fato, hoje a gente tem um cenário com uma sinalização de preço mais adequada do que tinha antes”, disse Limp.

Com a perspectiva de uma expansão da matriz ainda muito pautada nas fontes eólica e solar, os ganhos em diversificação são muito positivos, mas também agregam complexidades para a operação do sistema. Rodrigo Limp conta que uma das medidas para mitigar a variabilidade do sistema é a realização dos leilões de reserva de capacidade.

“Pode ser que, no médio e longo prazo, a volatilidade do preço ao longo do dia viabilize, por si só, o desenvolvimento de novas tecnologias de armazenamento, como, por exemplo, baterias e também, puxando um pouco a discussão das hidrelétricas, as usinas reversíveis, que fazem esse papel em que você consegue armazenar a energia ao longo do dia para gerar aqueles momentos de maior demanda”, contou o executivo.

O vice-presidente de Regulação e Relações Institucionais da Eletrobras ainda deu detalhes sobre a estratégia de crescimento da companhia, que triplicou seus investimentos desde a privatização, em 2022, e falou sobre as possibilidades que virão com a abertura do mercado de energia e a busca por soluções tecnológicas, como o hidrogênio verde.

Confira a entrevista completa abaixo: