A EDP Brasil, que inaugurou hoje (12 de março) sua primeira planta de geração distribuída da fonte solar fotovoltaica no norte de Minas Gerais, pretende triplicar os investimentos em projetos do tipo já no ano que vem, disse Carlos Emanuel Baptista Andrade, vice-presidente de estratégia e desenvolvimento de negócios da companhia. Para o executivo, a mudança das regras de compensação dos créditos de geração distribuída atualmente em discussão pode reduzir o ritmo de crescimento dos empreendimentos, mas não vai barrar o avanço em definitivo.
O projeto inaugurado hoje em Porteirinha (MG), de 5 MW de potência e 6,5 MWp (megawatt-pico), vai garantir a entrega de energia para 100 agências do Banco do Brasil em Minas Gerais, permitindo uma economia de R$ 80 milhões em 12 anos de duração do contrato.
Para isso, a EDP investiu R$ 28 milhões e instalou 19 mil painéis fotovoltaicos numa área de 20 hectares arrendada de um fazendeiro local. O contrato entre EDP e BB foi assinado ano passado, quando a elétrica venceu uma licitação realizada pelo banco estatal.
“Para essa área estratégica existe um orçamento de R$ 120 milhões nesse ano”, disse Andrade. Para 2021, o montante deve ser triplicado, assim como a potência a ser instalada. “Cada MWp custa uns R$ 3 milhões”, completou Andrade.
A revisão da resolução normativa (REN) 482, que trata das compensações de créditos gerados em projetos do tipo, não assusta a EDP. O mesmo vale para a discussão no Congresso sobre o tema. “Acreditamos que a tecnologia veio para ficar. As mudanças de regras podem reduzir um pouco o crescimento, mas a tecnologia tem melhorado nos últimos anos e os preços vão cair”, disse o executivo da EDP. Para ele, haverá uma “pequena inflexão” em termos de crescimento, que depois será retomado.
A expectativa da EDP é que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Congresso cheguem em alguma conclusão no fim deste ano, para aplicação no início de 2021. “Mas não é ago que nos preocupa, é algo que veio para ficar”, afirmou Andrade.
Hoje, a EDP tem 24 MWp instalados. A companhia tem mais 22 MWp em desenvolvimento já contratados e em desenvolvimento, além de uma carteira de mais de 50 MWp serem desenvolvidos já mapeados em carteira.
A companhia também avalia projetos na categoria de autoprodução, principalmente nos submercados Sudeste/Centro-Oeste e Sul, a fim de atender a indústria do país e escapar do risco de submercado. Esses projetos devem somar 200 MW, de acordo com o que já foi mapeado com potenciais investidores.
Matriz mais renovável
Para o Banco do Brasil, o empreendimento vai significar a economia de 42% nas despesas com energia das 100 agências que serão beneficiadas pelo projeto de Porteirinha. No total, são 430 agências no Estado.
Um segundo empreendimento em Minas Gerais já foi licitado pelo banco e está sendo desenvolvido, junto com outros quatro projetos nos Estados Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás e Pará. A companhia também estuda a viabilidade de investir em geração distribuída no Rio de Janeiro e em São Paulo.
A meta do banco é sair dos atuais 22% da sua matriz energética hoje de fontes renováveis para 35% no ano que vem.
Os trabalhos para essa primeira licitação começaram há três anos dentro do Banco do Brasil. “Para ficar pronto, foi um ano da licitação até aqui. Mas, antes disso, nossa liderança trabalhava há dois anos”, disse João Rabelo, vice-presidente de agronegócios e governo do Banco do Brasil.
A decisão não foi acelerada por causa da iminência da mudança das regras para GD. “Mas esperamos que a legislação permaneça como está, pois vai facilitar projetos em outros Estados”, disse Rabelo.
*A repórter viajou a convite da EDP Brasil