O resultado do leilão de privatização da CEB Distribuição, vencido pelo grupo Neoenergia, pelo preço de R$ 2,515 bilhões, um ágio de 76,63% em relação ao valor mínimo incluído no edital, refletiu a confiança que os investidores têm com relação ao marco regulatório do setor em longo prazo, de acordo com a opinião de especialistas ouvidos pela MegaWhat.
No entendimento deles, a discussão em curso na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre os efeitos da pandemia de covid-19 para o equilíbrio econômico e financeiro das concessionárias de distribuição e o impasse com relação aos subsídios aplicados para a geração distribuída não influenciam nas decisões dos grupos do setor com relação à estratégia no longo prazo.
“O expressivo lance do grupo Neoenergia que deu a vitória na disputa pelo controle acionário da CEB demonstra de forma clara e objetiva como a atividade produtiva de distribuição de energia elétrica tem potencial de crescimento econômico e de criação de novos negócios derivada da utilização de tecnologias. E, acima de tudo, demonstra a consistência e fundamentação do marco regulatório, que minimiza os riscos de investimentos de longo prazo”, afirmou o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da UFRJ, professor Nivalde de Castro.
Na mesma linha, o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, entende que o leilão foi bem-sucedido em todos os aspectos. “O leilão teve a participação de três grupos experientes, com uma competição muito forte. Foi um sucesso para o vendedor, ou seja o Distrito Federal, e um sucesso para o consumidor, que terá melhoria da qualidade do serviço, provando que a privatização beneficia o caminho da eficiência”, afirmou.
Segundo ele, o resultado do leilão também é um sinal positivo para os próximos leilões da CEEE-D e da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA). De acordo com o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, os dois certames estão previstos para ocorrer no primeiro semestre de 2021.
Para a economista e advogada e ex-diretora da área de desestatização do BNDES, Elena Landau, porém, há resistência política para a privatização da CEA. “O leilão da CEB já estava sendo planejado há algum tempo. Mas a privatização da CEA sempre teve resistência política. E a privatização da CEA é a mais necessária no momento, do ponto de vista de qualidade do serviço”, disse a especialista.