Opinião da Comunidade

Ana Carla Petti escreve: Tecnologia + Energia = Otimismo e Modernidade

Ana Carla Petti escreve: Tecnologia + Energia = Otimismo e Modernidade

Por Ana Carla Petti

Estamos vivendo a 4ª Revolução Industrial[1] caracterizada pela intensa evolução da tecnologia nos mais variados campos de conhecimento. Em função desse desenvolvimento tecnológico exponencial, vivenciamos também a era da informação, em que dados gerados por diversas fontes, em grande quantidade e velocidade são a base de novos modelos de negócio. Além disso, vivenciamos a transição de uma era marcada pela linearidade para ingressando em um mundo de incertezas, volatilidades e complexidades.

O que isso está relacionado com energia?

TUDO!

A expansão das fontes renováveis de energia – intermitentes, com curvas sazonal e horária características e em alguns casos complementares, sujeitas às incertezas do clima e do tempo – a inserção de sistemas de armazenamento de energia, além da expansão da geração descentralizada e da figura do prossumidor trazem desafios para o planejamento e operação do sistema elétrico em termos de segurança e custo.

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Assim, são necessários sistemas de big data que que permitam a análise de um grande número de dados instantâneos, gerados em diferentes origens, e que associados a tecnologias de inteligência artificial, identificarão padrões, calcularão a probabilidade da ocorrência de eventos e anteciparão ações para mitigação de riscos.

O desenvolvimento da internet das coisas e das smart cities, que permitirá um melhor controle do uso da energia elétrica – sendo de grande importância para programas de resposta da demanda – e de combustíveis – a partir, por exemplo, da otimização do controle de tráfego de veículos.

Adicionalmente, a entrada do PLD horário traz mais dinamicidade para a tomada de decisão e desenvolvimento de novos produtos; os novos instrumentos derivativos auxiliarão nas ações de mitigação de riscos e otimização de resultados financeiros; a gestão de portfolio de ativos de geração e contratos de energia, requererão a utilização dessas tecnologias, também para gerenciamento de riscos, e que devem ser configuradas de acordo com o regramento normativo e regulatório setorial, que por si só também é bastante complexo..

O blockchain poderá ser usado para a contratação de energia elétrica e outros combustíveis. Trazendo essa tecnologia em si desafios relativos à quantidade de energia requerida para o seu funcionamento. Há estudos que estimam que a quantidade de energia elétrica para geração de criptomoedas pode equivaler ao consumo anual da Áustria ou da Noruega. E, mesmo sendo prevista a redução do consumo de energia elétrica em outras aplicações do blockchain, estima-se que esse ainda será de 10 a 100 vezes maior do que as transações que ocorrem em sistemas centralizados[2].

Vale também destacar que a preocupação com a segurança cibernética (algumas empresas do setor foram alvo de ataques em 2020) e com a observância da Lei Geral de Proteção de Dados é de fundamental atenção, considerando que as informações são geradas e armazenadas digitalmente, em servidores conectados nas redes informáticas ou em nuvem.

O avanço tecnológico gera novos modelos de negócio que, por sua vez, levam à necessidade de desenvolvimento de normas que tratem dessa nova realidade. Por exemplo, a Agenda Regulatória 2021/2022 foi aprovada pela Diretoria da Aneel em 8 de dezembro de 2020 está alinhada às novas tendências. A agenda contém 132 itens a serem desenvolvidos ou aprimorados no âmbito da regulação, que contemplam: a inserção de novas tecnologias de armazenamento; a expansão dos recursos energéticos distribuídos e do programa de resposta de demanda; o compartilhamento de infraestrutura (economia de compartilhamento); o pagamento de faturas de energia elétrica com o PIX, a criação de requisitos de segurança cibernética na operação da Rede Básica.

Assim, espera-se uma grande atividade regulatória para os próximos anos, impulsionada pelo avanço da tecnologia, pela discussão da alocação e mitigação de riscos e pela perspectiva da abertura do mercado e modernização setorial.

Que 2021 seja um ano de muita prosperidade para o nosso setor, com a atração de novos investimentos e investidores e desenvolvimento de novas empresas e startups e crescimento das que já atuam e acreditam no mercado.

[1] Termo definido por Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial

[2] The Energy Consumption of Blockchain Technology: Beyond Myth

Ana Carla Petti é presidente da MegaWhat Consultoria.

Cada vez mais ligada na Comunidade, a MegaWhat abriu um espaço para que especialistas publiquem artigos de opinião relacionados ao setor de energia. Os textos passarão pela análise do time editorial da plataforma, que definirá sobre a possibilidade e data da publicação. 

As opiniões publicadas não refletem necessariamente a opinião da MegaWhat.

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