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Mudança na vazão de Belo Monte é problema 'gravíssimo', diz Rui Altieri

ENASE – 10° Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico Rui Guilherme Altieri – ANEEL
ENASE – 10° Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico Rui Guilherme Altieri – ANEEL

A mudança na vazão da hidrelétrica de Belo Monte é “gravíssima”, diante da redução da geração de energia nos meses em que a usina, no rio Xingu, no Pará, concentra a maior “abundância hidrológica”, disse Rui Altieri, presidente do conselho da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). 

“O desperdício de hidrologia é muito grande, da ordem de bilhões de reais. Isso é compartilhado por todo o mercado. Os geradores terão deferência, os encargos de serviço de sistema vão subir porque térmicas terão que substituir essa frustração de geração”, disse Altieri, em conversa virtual com jornalistas na manhã dessa segunda-feira, 1º de fevereiro.

O Ibama determinou que a usina aumente sua vazão no período de 1º e 7 de fevereiro para níveis que podem chegar ao esvaziamento do principal reservatório da usina.

A mudança de vazão foi incorporada na operação do sistema pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), mas não foi considerada na formação de preços, uma vez que não foi divulgada com um mês de antecedência, como a CCEE entende ser necessário.

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Agora, a CCEE só iria considerar a mudança de vazão na formação de preço se o Ibama determinar, até o fim de fevereiro, o hidrograma para abril.  

“O regime da usina é muito baseado no primeiro semestre, então você poderá ter um efeito devastador para as finanças do setor”, disse Altieri. Segundo ele, com a mudança de vazão, apenas duas das 10 máquinas da casa de força principal de Belo Monte estarão operando nesta semana. 

Para o restante do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE), a frustração na geração da usina é grave pois aumenta o GSF do período. Como o GSF da energia em regime de cotas e de Itaipu é repassado aos consumidores cativos, a mudança na vazão também deve pressionar as tarifas. Além disso, como precisarão ser acionadas térmicas para substituir a energia não gerada, isso deve pressionar os encargos cobrados de todos os consumidores.

“Estamos muito preocupados, o setor todo está preocupado. Essa questão é gravíssima, temos que encontrar uma solução no curto prazo para não perder o período de maior geração da usina”, disse Altieri. Segundo ele, esse seria o primeiro período hidrológico com a usina totalmente motorizada com consumo regularizado, já que ano passado a carga foi afetada por causa da pandemia. 

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