A Ernst & Young lançou a 57ª edição do Índice de Atratividade de Países em Energia Renovável (Renewable Energy Country Attractiveness Index – RECAI), que aponta que, apesar do cenário econômico impactado pela pandemia da covid-19, as metas de meio ambiente, sustentabilidade e governança estão cada vez mais presentes na agenda dos investidores, ao mesmo tempo em que aumenta o interesse deles sobre o tema das energias renováveis.
Os investimentos em energia renovável cresceram 2% em todo o mundo, saltando para US$ 303,5 bilhões, o segundo maior valor anual registrado até o momento, apesar do impacto da pandemia. O RECAI 57 aponta que, mesmo com números promissores, o desenvolvimento necessário para atingir o valor líquido zero exige um investimento adicional de US$ 5,2 trilhões, bem como um papel mais destacado de investidores no financiamento da transição energética.
Este cenário configura uma pressão contínua sobre governos e investidores por ações efetivas relacionadas às mudanças climáticas, e que aumenta de acordo com a proximidade da realização da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), em novembro, no Reino Unido.
Ainda segundo o índice, a política atual e o histórico de promessas dos países líderes do ranking indicam que há um maior compromisso em busca de uma definição mais clara de novas medidas políticas que estimulem o investimento em energias renováveis.
Já o Brasil, que subiu quatro posições em relação ao ano anterior alcançando o 11º lugar no ranking, e a primeira colocação entre os países da América Latina, tem demonstrado avanços quanto aos planos de implantação de capacidade eólica offshore, mesmo sem turbinas instaladas, com uma maior abertura ao setor, como a do projeto de lei para o segmento, apresentado ao Congresso em fevereiro. Se sancionado, o projeto exigiria dos desenvolvedores o pagamento de até 5% da produção de energia e outros encargos.
Um projeto mais antigo sobre o mesmo tema, já aprovado pelo Senado Federal e hoje debatido na Câmara dos Deputados, propõe a implantação de um sistema baseado por ordem de chegada, sem que haja cobrança de bônus ou aluguel. A expectativa é que os dois projetos sejam combinados quando o mais novo entre eles chegar à Câmara dos Deputados.
No entanto, o levantamento da EY aponta que para alcançar essas expectativas, o Brasil deverá reduzir os custos. Hoje, é necessário seguir regulamentações que obriguem a uma ordem de contratação que combine preço mais baixo com segurança de abastecimento, visando a facilitar o fechamento de novos negócios de energia em uma possível licitação do governo.
Produzido desde 2003, o RECAI classifica os 40 principais mercados do mundo em relação à atratividade de seus investimentos em energia renovável, parte fundamental da transição energética, e às oportunidades de implantação. As classificações refletem as avaliações da EY sobre a atratividade e as tendências do mercado global.