Carvão

Emissão de gases de efeito estufa teve alta de 75% no Brasil em 2021, aponta estudo

Novo estudo do Instituto Energia e Meio Ambiente (Iema) mostra que a indústria termelétrica fóssil do Brasil durante o ano de 2021, apresentou um aumento de 75% nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) em relação a 2020, bem como um crescimento de 5% na participação da matriz elétrica do país no mesmo período. Para o estudo, foram analisadas 82 usinas, que emitiram juntas 55,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e).

Emissão de gases de efeito estufa teve alta de 75% no Brasil em 2021, aponta estudo

Novo estudo do Instituto Energia e Meio Ambiente (Iema) mostra que a indústria termelétrica fóssil do Brasil durante o ano de 2021, apresentou um aumento de 75% nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) em relação a 2020, bem como um crescimento de 5% na participação da matriz elétrica do país no mesmo período. Para o estudo, foram analisadas 82 usinas, que emitiram juntas 55,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e).

“O crescimento foi alto devido à crise hídrica de 2021, que prejudicou a geração hidrelétrica e fez o setor elétrico brasileiro acionar ainda mais as termelétricas emissoras. Em 2020, as emissões foram menores: de 31,7 milhões de toneladas de CO2e”, explica Raissa Gomes, uma das autoras do estudo. Para os pesquisadores, entretanto, a crise hídrica não justifica completamente o grande crescimento das termelétricas ocorrido no período.

O documento revela que foram gerados 95,8 TWh de eletricidade de fontes fósseis entre os anos de 2020 e 2021, dos quais 68,9 TWh foram produzidos a partir do gás natural, o que corresponde a 72% do total. Nesta participação, o carvão foi responsável pela geração de 16,5 TWh (17%), seguido do óleo combustível (9%) e do óleo diesel (2%). Uma única planta gerou eletricidade utilizando o gás de refinaria como combustível principal, tendo participação muito baixa em relação ao total inventariado.

Segundo o relatório, apenas 13 usinas emitiram 51% do total de GEE em 2021, sendo oito movidas a carvão mineral como combustível principal e outras cinco a gás natural. As mais emissoras, em termos de emissão absoluta, foram as UTEs Porto do Pecém I (CE), Candiota III (RS) e Termorio (RJ). A UTE Porto do Pecém foi a usina com mais emissões em 2021, mas foi responsável por apenas 4% da energia elétrica total produzida por termelétricas.

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As usinas termelétricas com as maiores taxas de emissão de GEE por cada GWh produzido são as UTEs Candiota III (RS), Pampa Sul (RS) e Jorge Lacerda I e II (SC), todas movida a carvão mineral.

No que diz respeito às empresas, o relatório mostra que quase 70% de toda geração fóssil foi de responsabilidade de apenas seis empresas, sendo elas: Petrobras (30,3%); Eneva (12,8%); Eletrobras (9,6%); EDF (6,8%); Fram Capital Energy (5,0%) e EDP Energias do Brasil (4,0%). Já em relação às emissões de GEE em 2021, quatro empresas responderam por 61% delas: Petrobras (26,1%); Eneva (13,9%); Eletrobras (11,8%) e Fram Capital Energy (8,8%).

Por outro lado, o estudo revela que a empresa que mais emitiu GEEs por eletricidade gerada em 2021 foi a Engie, com 1.140 tCO2e/GWh, o que é quase o dobro da média observada no SIN (582 tCO2e/GWh). Em setembro deste ano, a Engie Brasil Energia assinou um contrato para venda da termelétrica Pampa Sul, de 345 MW, seu último ativo a carvão.

Em comparação, a Petrobras apresentou uma taxa de emissão (468 tCO2e/GWh) 20% menor que a média das termelétricas a combustíveis fósseis do Sistema Interligado Nacional (SIN). Isso porque, grande parte das usinas por ela controladas empregam tecnologias que alcançam maiores eficiências energéticas.

Sobre os estados mais emissores, o Rio de Janeiro se destacou no estudo por ter produzido, sozinho, 28% de toda geração termelétrica fóssil ligada ao SIN, tendo gerado 27,0 TWh.

Os pesquisadores ressaltaram as dificuldades em inventariar as emissões de fontes poluidoras, uma vez que “o acesso público a informações ambientais confiáveis não é facilitado pela maior parte das empresas e, além disso, o poder público raramente tem as condições técnicas, instrumentais e políticas para fazê-lo”, afirma André Luis Ferreira, diretor-presidente do Iema.