A Petrobras informou que iniciou conversas com a Unigel para analisar negócios envolvendo oportunidades nas áreas de fertilizantes, hidrogênio verde e projetos de baixo carbono. Os potenciais negócios estão em linha com seu Plano Estratégico para o período de 2024 a 2028, que ampliou os recursos que serão destinados a projetos de baixo carbono.
As duas empresas assinaram acordos de confidencialidade não vinculantes com a vigência por dois anos.
Depois de uma análise técnica por um grupo multidisciplinar, haverá estimativas oficiais de custo e retorno dos projetos desenvolvidos, condições necessárias para que as instâncias de governança interna da Petrobras deem o aval para a execução.
Na semana passada, o conselho de administração da Petrobras aprovou a revisão do plano estratégico, que inclui a destinação de 6 a 15% dos investimentos totais a projetos de baixo carbono. O plano estratégico de 2023 a 2027 previa o percentual de 6%.
O montante dos investimentos será confirmado quando a carteira de projetos de baixo carbono for avaliada pelo conselho de administração, junto com os demais detalhes do plano estratégico, o que deve acontecer em novembro deste ano.
Para a Unigel, indústria química com posição de liderança em estirênicos, acrílicos e fertilizantes nitrogenados, o acordo com a Petrobras veio num momento delicado, no qual a empresa contratou a consultoria Moelis&Company para apoiá-la na análise de estratégias financeiras para aprimorar sua estrutura de capital.
Em maio, a agência de classificação de riscos Fitch cortou a nota de crédito da Unigel de “B” para “BB-“, a colocando em observação negativa, devido às dificuldades do grupo em renegociar a dívida no curto prazo, ao mesmo tempo em que busca financiamento adicional por causa do fluxo de caixa livre negativo projetado para os próximos anos.
Segundo a Fitch, a relação entre dívida líquida e Ebitda da Unigel deve alcançar 7,1 vezes em 2023, caindo para 4,2 vezes em 2024. A agência apontou, na ocasião, que poderiam ser necessárias medidas proativas para que a Unigel reforçasse a liquidez, incluindo a combinação de suporte dos acionistas ou a venda de ativos.
Em esclarecimento ao mercado publicado ontem, 5 de junho, a Unigel descartou a possibilidade de entrar em recuperação judicial.
O comunicado foi feito depois que o Valor Econômico informou que a empresa contratou a assessoria do Moelis&Company para evitar uma recuperação judicial, risco que já aparece no radar de bancos credores, enquanto a empresa enfrenta os efeitos negativos do ciclo de baixa da petroquímica mundial e do descasamento entre os preços da ureia do gás natural.