Com o forte crescimento das economias asiáticas e as reduções nos preços de venda do carvão, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) prevê que o consumo de carvão deve se manter próximo ao recorde registrado no ano passado, de 8,3 bilhões de toneladas, alta de 3,3% em relação ao período anterior.
“O carvão é a maior fonte única de emissões de carbono do setor de energia e, na Europa e nos Estados Unidos, o crescimento da energia limpa colocou o uso de carvão em declínio estrutural”, disse diretor de mercados de energia e segurança da IEA, Keisuke Sadamori. Apesar desse declínio estrutural, o relatório da AIE, intitulado Coal Market Update, afirma que a redução nos preços do carvão tornou sua compra mais atrativa para alguns compradores “sensíveis a preço”.
De acordo com o relatório, os preços do carvão caíram no primeiro semestre de 2023 para os mesmos níveis do verão de 2021, motivados pela ampla oferta e pelos preços mais baixos do gás natural. Já o carvão térmico voltou a ser cotado abaixo do carvão de coque, enquanto o prêmio do carvão australiano caiu por conta do fenômeno climático La Niña, que reduziu a produção no país. O carvão russo, por sua vez, encontrou novos compradores depois de ser barrado na Europa, por ser vendido com descontos consideráveis.
O relatório aponta ainda que o retomada da economia em países asiáticos, como a China, deve resultar em uma elevação no consumo do carvão, fazendo com que três de cada quatro toneladas de carvão consumido em todo o mundo em 2023 seja do continente.
As estimativas da IEA apontam que o comércio global de carvão deve crescer mais de 7% neste ano, superando o crescimento geral da demanda. Por sua vez, o comércio marítimo de carvão em 2023 pode superar o recorde de 1,3 bilhão de toneladas estabelecido em 2019, segundo projeção.
Já a União Europeia deve manter seu consumo em queda, em razão das medidas que incentivam o uso das energias renováveis e da recuperação da energia nuclear e das hidrelétricas. Quadro semelhante deve ser visto nos Estados Unidos, já que o preço do gás natural deve cair.
A agência afirma, ainda, que aumento na geração de energia não renovável e do uso de veículos não elétricos, que registraram, até o momento, alta de 1% e 2%, respectivamente, também deve causar um aumento do consumo do carvão.
“Precisamos de maiores esforços e investimentos políticos – apoiados por uma cooperação internacional mais forte – para impulsionar um aumento maciço de energia limpa e eficiência energética para reduzir a demanda por carvão em economias onde as necessidades de energia estão crescendo rapidamente”, conclui Sadamori.