A nova política de preços da Petrobras, em vigência desde maio deste ano não foi responsável pela queda de 47% nos lucros da empresa no segundo trimestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado, e sim a queda do preço do petróleo desde junho do ano passado, afirmaram executivos da companhia nesta sexta-feira, 4 de agosto, em eventos de divulgação dos resultados.
O presidente da companhia, Jean Paul Prates, e o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Sergio Caetano Leite, atribuem o resultado financeiro à queda de 31,1% no valor do brent no mercado internacional, devido sobretudo às oscilações provocadas pela guerra na Ucrânia. Para o diretor de Logística, Comercialização e Mercados, Claudio Romeo Schlosser, a política de preços seria até mesmo positiva à companhia por possibilitar maior flexibilidade e aumentar a utilização das estruturas de refino.
“Houve uma queda brutal do brent, estávamos com o petróleo muito alto e margem de diesel expressivas. Isso não atinge só a Petrobras”, disse Prates, mencionando que o fluxo de caixa da Petrobras caiu 33% enquanto a média do setor estaria em torno de 45% de redução. “Nós desempenhamos melhor do que a média de nossas ‘coirmãs’ e estamos investindo mais”, avaliou, mencionando os investimentos de US$ 5,7 bilhões no semestre, sendo US$ 3,2 bilhões no segundo trimestre, destinados principalmente ao pagamento de bônus de assinatura à União pelas áreas de Sudoeste de Sagiário, Água Marinha e Norte de Brava, no pré-sal.
Em maio, a Petrobras anunciou uma nova política de preços, abandonando a paridade internacional, por avaliar que a companhia teria vantagens competitivas no Brasil como estrutura de logística e conhecimento de mercado. “A Petrobras produz e entrega aqui, não fazia sentido a gente competir com empresas de fora”, disse Prates em evento para jornalistas em julho. Na coletiva desta sexta-feira, 4 de agosto, o executivo assegurou que as margens praticadas pela Petrobras são seguras e que a companhia não está “deixando dinheiro na mesa”.
Recompra de ações
A diretoria da Petrobras também comentou a recompra de ações, anunciada como possibilidade em reunião do Conselho de Administração de 28 de julho e aprovada em nova reunião do Conselho nesta quinta-feira, 3 de agosto. A companhia deve recomprar – e, em seguida, cancelar – até 157,8 milhões de ações preferenciais, o que representa cerca de 3,5% do “free float” destas ações. Esta é a primeira vez que a Petrobras faz recompra de ações.
Para Sergio Caetano Leite, o investimento emite ao mercado um “sinal claro” de que a companhia está segura de sua própria estratégia e ações. Além disso, a recompra de ações seria uma forma de aumentar a remuneração ao acionista que opta por manter as participações na companhia no médio prazo, “que é o acionista mais querido pela Petrobras”.
A estratégia por comprar apenas ações preferenciais se explica pela relevância que a Petrobras tem na bolsa de valores brasileira. “Tudo o que a Petrobras faz movimenta muito o mercado. Nós somos muito cientes deste peso e mitigamos qualquer tipo de risco”, disse Leite. Ao comprar apenas ações preferenciais, a Petrobras espera provocar “a menor variação possível” nos preços da companhia e evitar especulações sobre o objetivo do programa.