A Petrobras (PETR4) anunciou nesta terça-feira, 16 de maio, o fim da paridade de preços do petróleo e dos combustíveis derivados, como gasolina e diesel, com o mercado internacional. A decisão foi aprovada pela diretoria executiva da empresa.
Uma nova política comercial será implementada e terá como premissa preços competitivos por polo de venda, em equilíbrio com os mercados nacionais e internacionais. Segundo a companhia, dois requisitos serão considerando na nova estratégia comercial, o custo alternativo do cliente, que contemplará as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos; e o valor marginal para a Petrobras é baseado no custo de produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino.
Em evento do grupo Esfera nesta segunda-feira, o ministro Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), criticou o posicionamento do governo anterior, que avaliou usar a Petrobras para baixar o preço da gasolina. “Para fazer o que se queria fazer, tinha que fechar o capital da empresa”, disse, completando que “não dá para fazer política pública com dinheiro do acionista”.
“Nosso modelo vai considerar a participação da Petrobras e o preço competitivo em cada mercado e região, a otimização dos nossos ativos de refino e a rentabilidade de maneira sustentável”, declarou o diretor de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras, Claudio Schlosser.
Para o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, a nova política de preços deve ajudar na flexibilidade da estatal, tornando-a mais eficiente e competitiva no setor. “Vamos continuar seguindo as referências de mercado, sem abdicar das vantagens competitivas de ser uma empresa com grande capacidade de produção e estrutura de escoamento e transporte em todo o país”, afirma Prates.
Os reajustes nos preços continuarão sendo feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio.
Já as decisões relativas à estratégia comercial continuam sendo subordinadas ao grupo executivo de mercado e preço, composto pelo presidente da companhia, o diretor-executivo de Logística, Comercialização e Mercados e o diretor financeiro e de Relacionamento com Investidores.
Por fim, a companhia destacou que a estratégia comercial está alinhada com a Diretriz de Formação de Preços no Mercado Interno aprovada pelo Conselho de Administração em 27 de julho de 2022.
Posicionamento da FUP
Para o coordenador- geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, o anúncio feito pela estatal deve ajudar na redução da volatilidade de preços ao consumidor brasileiro, que deixará de pagar pelos combustíveis como se fossem importados.
“O Brasil é autossuficiente na produção de petróleo, a Petrobras tem grande parque de refino e utiliza majoritariamente petróleo nacional que ela mesma produz. Assim, com a nova política, reduz-se também a volatilidade de preços ao consumidor”, diz o dirigente da FUP.
Segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese/subseção FUP), com base em dados da estatal, durante a vigência da paridade de preços internacionais, implementada em outubro de 2016, o preço do botijão de gás de cozinha de 13 quilos (GLP), variou 223,8%, registrando 34 altas e 14 baixas. Enquanto isso, o barril do petróleo subiu 61,9% no período e a inflação medida pelo IPCA/IBGE acumulou 36,6%. No mesmo período, a gasolina variou 112,7%, e o diesel, 121,5%.
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