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Desempenho dos equipamentos de controle de tensão é a causa dos desligamentos, conclui ONS sobre ‘apagão’

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) encaminhou nesta segunda-feira, dia 25 de setembro, aos agentes, a minuta do Relatório de Análise de Perturbação (RAP), que apontou que a principal causa identificada no evento de 15 de agosto foi a performance dos equipamentos de controle de tensão em campo de diversos parques eólicos e fotovoltaicos, no perímetro da linha de transmissão Quixadá-Fortaleza II, no Ceará.

Desempenho dos equipamentos de controle de tensão é a causa dos desligamentos, conclui ONS sobre ‘apagão’

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) encaminhou nesta segunda-feira, dia 25 de setembro, aos agentes, a minuta do Relatório de Análise de Perturbação (RAP), que apontou que a principal causa identificada no evento de 15 de agosto foi a performance dos equipamentos de controle de tensão em campo de diversos parques eólicos e fotovoltaicos, no perímetro da linha de transmissão Quixadá-Fortaleza II, no Ceará.

Esses dispositivos das usinas deveriam compensar automaticamente a queda de tensão decorrente da abertura da linha de transmissão, porém o desempenho no momento da ocorrência ficou aquém do previsto nos modelos matemáticos fornecidos pelos agentes e testados em simulações, disse o Operador.

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O envio do documento, com as principais conclusões do ONS, faz parte das etapas e ritos de elaboração do relatório que estará finalizado até o dia 17 de outubro – de acordo com o prazo regulamentar de 45 dias úteis. Nesta etapa, os agentes irão se manifestar, fazendo suas contribuições no relatório.

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No documento, constam providências a serem tomadas pelos 122 agentes, assim como para os geradores eólicos e fotovoltaicos. Ao todo, foram centenas de apontamentos que os agentes e o Operador terão de implementar até julho de 2024. As providências vão desde ajustes em proteções, passando por problemas na comunicação com os agentes no momento da recomposição, até a validação dos modelos matemáticos de todos os geradores eólicos e fotovoltaicos, entre outras.

No RAP também estão elencadas providências que já foram tomadas. Entre elas, está a adaptação da base de dados oficial, pelo Operador, para representar a performance dos referidos parques eólicos e solares fotovoltaicos tal como observada em campo durante a perturbação, de modo a utilizá-la nos estudos de caráter operativo.

O ONS ainda implementou novos limites de intercâmbios e medidas operativas na região Nordeste, visando garantir a segurança operativa do SIN.

Na avaliação do ONS, as descobertas a partir da ocorrência no mês passado representam uma mudança de paradigma para o setor elétrico brasileiro. “Com muita dedicação e experiência dos profissionais do Operador, além do compromisso que temos com a sociedade brasileira, o problema foi identificado e ações imediatas foram implementadas pelo ONS para preservar a continuidade e a segurança do atendimento à carga”, frisa Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS.

O diretor-geral ainda destacou que o Brasil tem uma das matrizes mais descarbonizadas do planeta, com 85% de fontes renováveis e os esforços da operação. “Com o SIN, enviamos todo o potencial renovável, principalmente do Nordeste, para os quatro cantos do país. Só um sistema robusto e confiável como o nosso permite isso. As renováveis representam solução de uma energia limpa e barata, um ingrediente fundamental para a transição energética justa que queremos e estamos trabalhando nesta direção”, ressalta.

O relatório

A investigação de ocorrências como a de 15 de agosto é realizada em diversas etapas. O resultado da apuração é apresentado no Relatório de Análise de Perturbação (RAP), que, em cada uma das etapas, passa por avaliação detalhada, com o objetivo de identificar com clareza a natureza e as causas da perturbação para definir as ações que visam a evitar a sua recorrência e, adicionalmente, adotar medidas corretivas de caráter amplo no SIN, se for o caso.

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Entre as etapas de elaboração do RAP, destacam-se: a disponibilização de dados e registros da perturbação para avaliação de todos os agentes envolvidos; realização de reuniões com os agentes; elaboração e disponibilização de minuta para contribuições; envios de comentários; consolidação de dados e a elaboração da versão final.

O desligamento de 15 de agosto

No dia 15 de agosto de 2023, às 8h30, uma ocorrência no Sistema Interligado Nacional (SIN) causou a interrupção de 23.368 MW*, do total de 67.507 MW* que estavam sendo atendidos no momento, sem contar a parcela atendida por micro e minigeração distribuída, representando aproximadamente 34,5% da carga total daquela hora. O evento provocou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul, Sudeste/Centro-Oeste, com desligamento de linhas de transmissão entre essas regiões, afetando 25 estados e o Distrito Federal.

A recuperação da energia nas regiões Sul e Sudeste ocorreu em cerca de 1 hora; no Nordeste – onde houve queda de cerca de 65,7% da carga – mais de 60% deste volume foram recuperados em três horas; e no Norte, onde houve perda de 99,5% da carga, mais de 90% da carga estava recuperada às 14h30 e integralmente às 14h49.

Saiba mais sobre o blecaute que parou o Brasil em 15 de agosto, suas causas e o que deve ser aprimorado no MegaWebinar – PSR explica: O apagão de 15 de agosto, separando o sinal do ruído.

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