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Neoenergia tenta antecipar contrato da UTE Termopernambuco

A Neoenergia está confiante que o decreto com as diretrizes para a renovação das concessões para as distribuidoras de energia sairá “nas próximas semanas”. O presidente da companhia, Eduardo Capelastegui, disse esperar um decreto alinhado ao que foi apresentado ao Tribunal de Contas da União (TCU) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

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Fachada Neoenergia/ Divulgação

A Neoenergia está confiante que o decreto com as diretrizes para a renovação das concessões para as distribuidoras de energia sairá “nas próximas semanas”. O presidente da companhia, Eduardo Capelastegui, disse esperar um decreto alinhado ao que foi apresentado ao Tribunal de Contas da União (TCU) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

“Não esperamos que mude substancialmente. Consideramos que o decreto vai ter foco na questão de qualidade e investimentos, o que para nós faz todo sentido”, disse Capelastegui, em teleconferência com acionistas sobre os resultados da empresa no primeiro trimestre de 2024, realizada nesta terça-feira, 24 de abril. “Temos que ver em como isso vai se traduzir em metas e qualidade. Isso não vai ser o decreto que vai definir, vai ser o contrato caso a caso, mas consideramos que será algo razoável”, complementou o executivo.

Para ele, a publicação do decreto proporcionará mais previsibilidade, o que é fundamental ao setor, que faz investimentos de longo prazo.

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As primeiras concessões da Neoenergia vencem em 2027: Coelba, que expira em agosto de 2027, e Cosern, que vence em dezembro do mesmo ano.

Investimentos

Do R$ 1,85 bilhão investido pela Neoenergia no primeiro trimestre de 2024, R$ 1,84 bilhão foi destinado às redes, sendo R$ 1,1 bilhão para distribuição e R$ 728 milhões para a construção de ativos transmissão vencidos em leilões anteriores.

Segundo Capelastegui, hoje a construção de linhas é “quase toda” feita com pessoal próprio, após um movimento de substituição de mão-de-obra terceirizada que começou em 2017 e que já contratou “quase sete mil técnicos e eletricistas”, segundo o executivo. “Isso nos dá uma tranquilidade enorme em situações de eventos climáticos, como já tivemos esse ano na Bahia. Realmente recomendo a meus colegas que vão a nessa direção, porque vai ajudar todo o setor a superar esses problemas de qualidade”, disse.

Para este ano, os investimentos em capital (Capex) devem continuar mais elevados, enquanto os custos de operação (Opex) devem apenas acompanhar a inflação. A empresa fechou o primeiro trimestre do ano com dívida líquida de R$ 40,2 bilhões. Segundo o diretor financeiro da empresa, Leonardo Gadelha, a dívida aumenta pelo ritmo de Capex.

“Nossa relação entre dívida líquida e Ebitda [sigla em inglês para resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização] fechou em 3,28, patamar esperado para este ano, que é o último ano de ciclo elevado de Capex em razão dos investimentos em distribuição e da conclusão das obras de distribuição”, disse Gadelha.

Termopernambuco

No primeiro trimestre de 2024, a Termopernambuco gerou 61 GWh e teve lucro líquido de R$ 117 milhões, montante 9% superior que o mesmo período de 2023. A usina está contratada até 14 de maio deste ano por meio do Programa Prioritário de Termelétricas (PPT). Depois, o próximo contrato da usina começa em 2026, no contexto do leilão de reserva de capacidade de 2021.

A Neoenergia, entretanto, trabalha para antecipar este novo contrato, em uma negociação que envolve o Operador Nacional do Sistema (ONS), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o MME.

“Estamos avançando bem. Acho que a necessidade da Termopernambuco para o sistema é evidente, tanto que em dezembro e janeiro, que tiveram hidreletricidade alta, a planta ficou despachada. É uma planta fundamental”, disse Eduardo Capelastegui. Entretanto, o diretor-geral da agência, Sandoval Feitosa, comemorou o fim do contrato de compra compulsória da usina durante a reunião de diretoria da Aneel desta terça-feira, 23 de abril.

Capelastegui disse esperar retomar as atividades da Termopernambuco sob contrato até setembro deste ano – antes, haveria indisponibilidade de fornecedores. Até lá, a empresa poderá aproveitar oportunidades como venda de energia ou gás no mercado spot, disse o executivo.

Transmissão

No primeiro trimestre de 2024, a Neoenergia tinha dez ativos em operação com 100% de receita máxima permitida. A divisão teve lucro líquido de R$ 129 milhões no período. Houve uma queda de 43% na comparação anual, por conta da não consolidação de ativos que tiveram participação vendida ao GIC, que passaram a entrar como equivalência a partir do quarto trimestre de 2023. GIC é o Fundo Soberano de Cingapura, que comprou 50% das linhas de transmissão da Neoenergia em 2023.

A Neoenergia tem ainda oito lotes em construção, de leilões vencidos em 2018, 2020, 2021 e 2022. Do leilão de dezembro de 2018, o lote 3 já está concluído e aguarda apenas a licença de operação. Do mesmo leilão, o lote 2 também deve receber sua RAP integral neste ano. Assim, a Neoenergia calcula que terá R$ 1,2 bilhão de RAP liberada para este ano.

Resultados

A Neoenergia fechou o primeiro trimestre de 2024 com lucro líquido de R$ 1,1 bilhão, uma redução de 7,2% em relação ao mesmo período de 2023. A receita operacional líquida foi de R$ 11 bilhões, uma queda de 0,79% na comparação anual. O Ebitda foi de R$ 3,5 bilhões, com redução de 3,22% em comparação com o primeiro trimestre de 2023.

A energia injetada na rede, somando clientes cativos, livres e de geração distribuída (GD) foi de 22,1 mil GWh, um aumento de 8,2% na comparação anual. O número de clientes atingiu 16,4 mil, com crescimento de 2%.

O período foi marcado por altas temperaturas, o que elevou o consumo nas classes residencial (+7,4% em relação ao 1T23, a 6,6 mil GWh), que também teve aumento na base de clientes. O consumo na classe industrial cativa caiu 16,4% no trimestre, mas ao se incorporar o mercado livre desta classe, a Neoenergia registrou aumento no consumo de 4,3% na base anual. Na classe comercial, o consumo também cresceu, a 4,7%, quando considerados os consumidores livres e cativos, embora tenha havido redução na demanda no mercado regulado.

No segmento de geração e comercialização, a Neoenergia teve lucro líquido de R$ 180 milhões, o que representa uma redução de 4% na base anual.