Biocombustíveis

Requisitos europeus para biocombustíveis têm pouca ‘objetividade científica’, apontam produtores

Os requisitos europeus de que biocombustíveis não sejam produzidos a partir de colheitas primárias para evitar a competição com alimentos têm pouca “objetividade científica” na sua aplicação à produção brasileira, segundo o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), Evandro Gussi.

Requisitos europeus para biocombustíveis têm pouca ‘objetividade científica’, apontam produtores

Os requisitos europeus de que biocombustíveis não sejam produzidos a partir de colheitas primárias para evitar a competição com alimentos têm pouca “objetividade científica” na sua aplicação à produção brasileira, segundo o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), Evandro Gussi.

Gussi e outros participantes do evento Transição energética no mar – visão do Brasil argumentaram que, no país, a produção agrícola para biocombustíveis estimula a produção de alimentos na medida em que, para produção de energia, utiliza-se apenas o óleo de grãos, enquanto a parte de proteína pode ser direcionada para produção de ração animal. A afirmação também foi feita pelo diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nasser, indicou que a restrição de matéria-prima deverá levar a um aumento no preço do combustível e menor oferta. “Nos preocupam os padrões europeus, que exigem óleo de cozinha usado ou sebo bovino. Não tem razão para a gente não usar o óleo vegetal primário”, disse.

Para Gussi, da Unica, é importante evitar que os requisitos adotados para a produção de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) sejam aplicados também para a produção de combustíveis sustentáveis de navegação.

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Para mobilidade, resistência ao biocombustível seria gargalo da distribuição

A resistência aos biocombustíveis por parte dos produtores de automóveis também foi criticada no evento. O diretor Comercial da Biopower, divisão da JBS para produção de biodiesel, Alexandre Pereira, acredita que as alegações de que o biodiesel afeta o rendimento dos motores seria um mecanismo de as fabricantes “se protegerem”.

A JBS tem realizado testes em sua frota própria com biodiesel a 100% e, segundo a empresa, o rendimento dos veículos com o biocombustível tem sido semelhante ao desempenho com diesel comum. Para ele, o segredo está na “manutenção preventiva” das máquinas. A formação de borras e outros problemas do biodiesel estariam ligados à distribuição.

André Nasser, da Abiove, explicou que a atual especificação de biodiesel é mais rigorosa em relação à qualidade do combustível. “A Abiove também tem a sua certificação, além da ANP. Quando o biodiesel sai da usina, sai perfeito”, disse. Entretanto, como o combustível tende a absorver água, seria necessário aperfeiçoar a manutenção e a drenagem de tanques na distribuição do combustível.

O evento Transição energética no mar – visão do Brasil foi realizado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta segunda-feira, 29 de abril, no Rio de Janeiro.