O que é: conceito que envolve o conjunto de ações tomadas por países para ter uma matriz energética mais sustentável, seja por meio da geração de energia renovável, ou pelo consumo mais eficiente, envolvendo toda a cadeia: empresas, população, instituições e governo, de forma a otimizar a utilização de bens e serviços.
O conjunto dessas ações ocorre em benefício da redução das emissões de gás carbônico na atmosfera, bem como na temperatura do planeta.
Como funciona:
Geração
No contexto da geração de energia, os tomadores de decisão buscam a migração da geração a partir de combustíveis fósseis – como petróleo e carvão mineral – para a geração por fontes renováveis – eólica, solar fotovoltaica e biomassa.
Enquanto no mundo, a geração de energia elétrica é responsável por 25% das emissões, no Brasil esse percentual é inferior a 3 %. Isso ocorre porque o país possui uma matriz majoritariamente renovável.
Segundo o Balanço Energético Nacional (BEN) de 2020, a participação de renováveis na matriz elétrica atingiu 83% em 2019, enquanto na matriz energética, essa participação foi da ordem de 46%.
Conforme destaque da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), responsável pela elaboração do levantamento, a participação das fontes eólica e solar na geração e o avanço da oferta de biomassa da cana-de-açúcar e biodiesel contribuíram para esse patamar.
Ainda segundo a instituição, cenários futuros internacionais apontam papel relevante para o gás natural na transição energética. Isso porque, há uma infraestrutura já construída e amortizada em diversos países, além do baixo custo de adaptação das instalações industriais que utilizam fontes mais poluentes, como o óleo combustível e o carvão para o gás natural.
Quanto à utilização como combustível para termelétricas, a atuação do gás natural supre as sazonalidades e intermitências das fontes renováveis no setor elétrico. Outro ponto é a expectativa do aumento da oferta brasileira proveniente dos campos do Pré-Sal até 2050 e a regulamentação do Novo Mercado do Gás Natural, por meio da lei nº 14.134, de 8 de abril 2021, no qual são esperados preços mais competitivos.
Uma alternativa estudada no processo de transição energética e apontada como a nova fronteira para a geração de energia renovável é o hidrogênio verde. Segundo a iniciativa “Green Hydrogen Catapult” que conta com líderes da indústria de energias renováveis, o hidrogênio renovável pode ser competitivo no valor de US$ 2 por quilo – que representa metade do custo atual.
O hidrogênio verde é obtido a partir de energias renováveis, por meio da eletrólise – processo que utiliza uma corrente elétrica para separar o hidrogênio e oxigênio da água.
Consumo
A eficiência energética é obtida quando a produção é entregue com o menor consumo de energia, ou quando se produz mais com a mesma quantidade de energia. A adoção de sistemas de controle e monitoramento pode aumentar a eficiência de processos e, consequentemente, reduzir o consumo de energia.
Em 2019, o total de emissões antrópicas associadas à matriz energética brasileira atingiu 419,9 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (Mt CO2-eq), sendo 193,4 Mt CO2-eq gerada no setor de transportes. Os dados constam no levantamento do BEN 2020 a partir de estudo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
Mesmo com o crescimento do consumo de energia do setor de transportes, a expansão ocorreu com o avanço do consumo de combustíveis renováveis. No mercado de veículos leves, o etanol hidratado teve um aumento de consumo de 3%, assim como o álcool anidro, em 3,3%.
No caso do transporte de cargas rodoviário, o biodiesel cresceu 9,6%, enquanto o avanço do diesel fóssil foi de 2,2%. Como consequência, o segmento apresentou uma matriz energética composta por 25% de fontes renováveis em 2019, contra 23% no ano anterior.
Considerando o consumo de emissões por habitante, o BEN aponta que cada brasileiro emitiu em média 2,0 t CO2-eq, o que significa cerca de 1/7 de um americano e 1/3 de um cidadão europeu ou de um chinês para o ano de 2017.
Ainda com base nos dados da IEA de 2017, a intensidade de carbono na economia brasileira equivale a 33% da economia chinesa, 56% da economia americana e 88% da economia da União Europeia. Para cada tep disponibilizado, o Brasil emite o equivalente a 74% da União Europeia, 67% dos EUA e 49% da China.
Histórico: Desde o início da eletrificação do país a hidreletricidade teve papel central, uma vez que as reservas de hidrocarbonetos eram insuficientes para o suprimento energético, dada a escassez do petróleo – anterior ao século XXI – e à considerada baixa qualidade do carvão brasileiro.
No século XX, a crise mundial do Petróleo, incentivou o país a investir mais no potencial hídrico e em programas de biocombustíveis.
É bom saber também:
Metas Brasil
Em 2016, o Brasil ratificou o Acordo de Paris, originado na COP 21, em 2015. Com isso, o país se comprometeu a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 37% em relação aos níveis de 2005, até 2025, e em 43%, também em relação a 2005, até 2030. Uma das medidas anunciadas para atingir essas metas é a implantação de projetos que gerem ganhos de eficiência energética de 10% no setor elétrico até 2030.
Durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima, realizada na semana de 19 de abril de 2021, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, declarou que o país tem como meta antecipar em dez anos a meta de neutralidade de emissões de gases do efeito estufa, para 2050.
O encontro foi promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que firmou o compromisso de cortar as emissões de carbono entre 50% e 52% em relação aos níveis de 2005 até o fim desta década. Em seu plano de governo, Biden prevê o investimento de cerca de US$ 2 trilhões para combater a mudança climática, em ações de geração de energia renovável.