O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, voltou a defender a exploração da Margem Equatorial e relatou ter proposto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que parte da receita do óleo da União seja utilizada para reduzir a conta de luz dos brasileiros.
Silveira acompanhou nesta quarta-feira, 31 de julho, o leilão para venda de 37,5 milhões de barris de petróleo pertencentes à União, promovido pela Pré-Sal Petróleo (PPSA), que teve a Petrobras como maior vencedora e garantiu a arrecadação de cerca de R$ 17 bilhões aos cofres públicos em 2025. As empresas chinesas também se destacaram com lances agressivos e grande competição com a estatal brasileira.
Em discurso ao fim do certame, o ministro disse que, caso o Brasil interrompa seus investimentos em exploração e produção de fósseis, a perda na arrecadação da União poderia alcançar até R$ 4 trilhões entre 2031 e 2050.
“Ninguém sabe dizer exatamente quando o mundo vai poder abrir mão dos combustíveis fósseis. É fato, a exploração de novos recursos em óleo e gás pode gerar investimentos de cerca de R$ 5 trilhões entre 2031 e 2050. Não podemos abrir mão desses recursos. Eles serão usados para a melhoria na qualidade de vida da nossa população. Se não produzimos petróleo, outro país venderá para nós”, disse Silveira, na B3.
Leilão bem-sucedido
No total, foram vendidos 37,5 milhões de barris de petróleo pertencentes à União, divididos em quatro lotes, sendo três de Mero (dois deles com quantidades estimadas de 12 milhões de barris e um de 11 milhões de barris) e um de Búzios (com quantidade estimada de 2,5 milhões de barris). Os lotes correspondem a uma entrega de aproximadamente 66 cargas de 500 mil barris em 2025, que estarão disponíveis nos FPSOs ofertados, com a União arrecadando cerca de R$ 17 bilhões em recursos em 2025.
Foram habilitadas para o certame a Petrobras, Refinaria de Mataripe, CNOOC Petroleum Brasil, ExxonMobil Exploração Brasil, Equinor Brasil Energia, Galp Energia Brasil, PetroChina International Brazil Trading, Prio, Shell Trading Brasil e a TotalEnergies EP Brasil. Contudo, durante o leilão, a Equinor e a ExxonMobil não apresentaram propostas para nenhum dos lotes.
Para ganhar o certame, as empresas propuseram desconto em relação ao preço do Brent datado, pelo fato de o petróleo estar sendo comercializado na plataforma flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo (FPSO, na sigla em inglês). Ou seja, cabe aos vencedores arcar com os custos logísticos de transportar a carga desde a plataforma até o mercado final.
A Petrobras foi a grande ganhadora do leilão de venda petróleo e arrematou dois dos quatro lotes do certame para comercialização de 14,5 milhões de barris de petróleo. Nos dois lotes em que foi derrotada, a estatal levou a disputa para o pregão viva-voz, mas teve suas ofertas superadas pelas chinesas CNOOC e PetroChina.
Petrobras, a grande vencedora
A Petrobras levou o lote 1 do campo de Mero para comercialização de 12 milhões de barris de petróleo da União a serem produzidos pelo FPSO Guanabara, depois de oferecer um desconto de US$ 1,85/barril em relação ao limite mínimo de desconto de US$ 4,40/barril menos o Brent datado, conforme previsto no edital.
No total, seis petroleiras apresentaram propostas para o lote: Petrobras (- US$ 1,85/barril), CNOOC Petroleum Brasil (- US$ 2,55/ barril), Galp (- US$ 3,10/ barril), PetroChina International Brazil Trading (US$ 3,18/barril), Refinaria Mataripe (US$ 3,30/barril), TotalEnergies EP Brasil (- US$ 4,35/barril). Prio e Shell entraram na disputa, porém desistiram.
O lote 4 ofertou 2,5 milhões de barris a sem produzidos pelo FPSOs P-74, P-75, P-76, P-77 e Almirante Barroso no Campo de búzios, com um limite mínimo igual ao valor do Brent datado menos US$ 4,25.
Disputaram o lote as petroleiras: Prio (- US$ 2,35/barril), Petrobras (- US$ 2,50 /barril), CNOOC Petroleum Brasil (US$ 2,55/barril), PetroChina International Brazil Trading (- US$ 3,00/barril) e Galp (- US$ 3,10/ barril). A TotalEnergies desistiu da disputa, enquanto a Shell oferece um lance maior que o limite estabelecido no edital.
As empresas Prio, Petrobras e CNOOC foram para o viva-voz e, depois de 19 rodadas, a Petrobras ganhou ao oferecer um desconto de US$ 1,85/barril.
Vitórias das chinesas
No lote 2, foram ofertados 12 milhões de barris a serem produzidos pelo FPSO Sepetiba no campo de Mero. Os lances iniciais foram: Petrobras (- US$ 1,85/barril), CNOOC Petroleum Brasil (- US$ 2,05/ barril), PetroChina International Brazil Trading (US$ 2,78/barril), Refinaria Mataripe (US$ – 3,30/barril), Galp (- US$ 3,50/ barril e TotalEnergies EP Brasil (- US$ 4,35/barril).
Entretanto, como as propostas da Petrobras e da CNOOC tiveram uma diferença menor do que US$ 0,40/barril, o edital estipulava uma disputa entre as empresas no viva-voz. Depois de 11 rodadas no viva-voz, a CNOOC saiu vencedora ao oferecer um desconto de US$ 1,59/barril.
Também houve disputa no viva-voz entre a Petrobras e a PetroChina International Brazil Trading no lote 3, que prevê a comercialização de 11 milhões de barris a serem produzidos pelo FPSO Duque de Caxias e Pioneiro de Libra no campo de Mero. Depois de 23 rodadas, a PetroChina International (Brazil) Trading levou ao oferecer um desconto de US$ 1,35/barril.
Durante a competição inicial participaram: Petrobras (- US$ 1,85 /barril), PetroChina International Brazil Trading (- US$2,20 /barril) e Galp (- US$ 3,10/ barril). As petroleiras CNOOC Petroleum Brasil, Prio, Mataripe e Shell foram habilitadas, mas não participaram da disputa.
O leilão da PPSA
Os volumes comercializados são baseados nas expectativas da parcela de petróleo da União em 2025 nestes campos, que contemplam as incertezas inerentes ao processo, ou seja, ao arrematar um lote, o comprador terá disponível todas as cargas nomeadas em 2025, ainda que o montante total seja maior ou menor ao volume estipulado no edital.
As cargas nomeadas em janeiro de 2025 serão embarcadas em março de 2025, sempre com dois meses de defasagem. O ciclo do leilão se encerra com as cargas nomeadas em dezembro, sendo embarcadas em fevereiro de 2026.