A Copel está preparada para o leilão de reserva de capacidade e vê no certame uma oportunidade de alocação de capital dentro do plano de investimentos traçado para os anos de 2024 e 2025.
A empresa aguarda a portaria com as diretrizes para as próximas semanas, tendo recebido a sinalização das entidades setoriais de que o certame ocorrerá em dezembro deste ano.
“O governo, o Ministério de Minas e Energia, a EPE, a Agência Nacional de Energia Elétrica, têm divulgado que farão o leilão ainda esse ano, em dezembro. Então, a Copel está preparada, com os fornecedores com pré-contratos estabelecidos, para poder participar desse leilão”, disse Moacir Carlos Bertol.
A oportunidade é vista principalmente pela participação de hidrelétrica Foz do Areia, de 1.676 MW de potência, que poderia ter o acréscimo de 800 MW a 900 MW em potência, e poderia participar do certame, sem a necessidade de grandes investimentos.
Dessa forma, a empresa tem aguardado a publicação da portaria com as diretrizes, para ter um cronograma claro sobre a realização e modelos de contrato, principalmente quanto à metodologia para as hidrelétricas que vão estrear na modalidade do leilão.
“Por ser a primeira vez com produto de hidrelétricas num leilão de capacidade, é importante que você tenha condições bastante adequadas dos critérios de operação, de como é que isso funcionará ao longo dos próximos anos, mas realmente nós também estamos aguardando esses detalhes finais. Nos parece, assim como outros exemplos que o ministério conduziu, que haverá muita razoabilidade nas condições finais da portaria”, disse o presidente da Copel, Daniel Slaviero.
Além do leilão de reserva de capacidade, que a empresa considera “uma avenida grande” de crescimento, o próximo leilão de transmissão, marcado para 27 setembro, ainda está sendo estudado pela sinergia dos lotes que serão ofertados.
“Ainda não tomamos nenhuma decisão concreta em relação a isso, porque tem uma ótica que das quatro subestações, três são da Copel, então pode ser que faça algum sentido, mas ainda temos que ter uma análise mais detalhada pela característica de retorno desse segmento, que é sempre mais apertada. [Por outro lado] tem reforços e melhorias, e passamos agora por uma revisão das transmissoras bastante interessante”, completou Slaviero.
Gerar valor e crescimento
A empresa deve continuar a avaliar oportunidades além do seu estado sede, o Paraná. Hoje a Copel tem presença em dez estados, sem nenhuma limitação para ampliar essa atuação, e não quer apenas cortar custos e vender ativos para gerar valor no longo prazo.
Mesmo assim, admite passar por uma fase de retirada de “alguns resquícios de ineficiências muito inerentes a uma empresa estatal”, em que acabava tendo que realizar licitações e era impedida de algumas contratações.
A empresa concluiu sua privatização há um ano, em agosto de 2023, e desde então tem concentrado esforços em investimentos orgânicos.
“Acho que essa fase, ele tem um começo, meio, enfim. A próxima grande etapa da companhia é realmente fazer boas alocações de capital. E boas alocações de capital não estão necessariamente apenas atreladas a investimentos. Você pode ter recompra de ações, pode ser uma boa alocação de capital, pagar mais dividendos também pode ser uma boa alocação de capital”, listou Slaviero sobre as oportunidades.
Como prioridade no curto prazo, a Copel deve continuar extraindo mais dos ativos atuais.
Vendas de ativos e PDV
Em relação às 13 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) que a empresa colocou à venda em maio deste ano, em dois lotes, além da termelétrica Figueira, a companhia já finalizou a fase de propostas não vinculantes para uma segunda etapa.
Agora, os interessados estão num processo de due diligence e a empresa prevê a assinatura dos contratos no quarto trimestre desse ano.
Em julho, a companhia concluiu a venda da térmica de Araucária para a Âmbar Energia, com recebimento de R$ 320 milhões pela sua participação no negócio, além da alienação de 51% na Compagás, por R$ 906 milhões com data base de dezembro de 2023.
A conclusão da venda da Compagás ao grupo Cosan, no entanto, ainda depende da aprovação dos órgãos regulatórios competentes e a expectativa é que isso aconteça nos próximos meses.
O Programa de Demissão Voluntária (PDV) da companhia contou com a adesão de 1.437 profissionais e que a partir da próxima quarta-feira, 14 de agosto, cm o desligamento de 1.078 colaboradores.
Outros180 colaboradores já tiveram a sua saída antecipada nos últimos meses e 179 que exercem funções críticas tiveram a data de saída postergadas em duas frentes, a maior parte até dezembro de 2024 e outra até o início de 2025.
Resultado
A Copel registrou lucro líquido consolidado de R$ 473,6 milhões no segundo trimestre de 2024, alta de 53,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Entre os fatores, a empresa cita a venda da termelétrica Araucária e da Compagás, além do aumento do Ebitda e de R$ 55 milhões de variação monetária referente aos saldos do pagamento das outorgas das hidrelétricas Mauá, Colíder, Baixo Iguaçu, Guaracicana, Fundão e Santa Clara.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado ficou em R$ 1,28 bilhão, alta de 5,7%. O resultado positivo deve-se, sobretudo, ao crescimento de 31,6% no Ebitda da Copel Distribuição, que teve no trimestre um crescimento de 6,2% no mercado faturado, dada as altas temperaturas, reajuste tarifário e controle dos custos gerenciáveis.
Esses eventos foram parcialmente compensados pela redução do preço médio de energia do portfólio da Copel Geração e Transmissão (variação -6,1% do 2T23) e menor performance dos complexos eólicos devido ao desvio de geração pelo efeito de volume de vento abaixo da certificação e indisponibilidade do parque gerador por manutenções, ocasionando frustração de receita de R$ 27,1 milhões, ou – 192% na comparação anual.