Seca

Governo espera acionar até 80% do parque térmico do país no final do período seco

Projeção considera estimativas elaboradas por institutos meteorológicos para o período.

Complexo Parnaíba - Divulgação Eneva
Complexo Parnaíba - Divulgação Eneva

A piora nos níveis dos reservatórios e a manutenção do período de estiagem podem levar à necessidade de acionamento de 70% a 80% das térmicas do país entre outubro e novembro. Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a projeção considera as estimativas elaboradas por institutos meteorológicos para o período.

“Estamos tomando as medidas mitigadoras para manter os reservatórios capazes de dar resposta, mas o nosso parque térmico nacional está preparado e, no caso de necessidade, será todo acionado. Acredito que neste ano vai ser necessário. Vamos acionar aqueles que tiverem condições de despachar. Vamos precisar de algo entre 70% e 80% dos quase 20 GW de capacidade do nosso parque térmico para o final do período de estiagem”, destacou Silveira em entrevista à CNN Brasil, exibida no sábado, 31 de agosto.

Segundo ministro, o governo tem discutido ações e observado os contratos de gás para garantir o suprimento de energia. Um dia antes da entrevista, a Agência Nacional de Energia elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária de setembro será vermelha patamar 2, que corresponde a um acréscimo de R$ 7,877 a cada 100 kWh consumidos.

A bandeira vermelha patamar 2 foi acionada depois de três anos, em razão da previsão de chuvas abaixo da média em setembro, resultando em expectativa de afluência nos reservatórios das hidrelétricas do país (em cerca de 50% abaixo da média).

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Esse cenário de escassez de chuvas, somado ao mês com temperaturas superiores à média histórica em todo o país, faz com que as termelétricas, com energia mais cara que hidrelétricas, passem a operar mais. Desta forma, os fatores que acionaram a bandeira vermelha patamar 2 foram o risco hidrológico e o aumento do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD).

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) pediu que a entidade mobilize recursos para atendimento à ponta da carga em outubro e novembro.

A reforma do setor elétrico e os lobbies

Questionado sobre os detalhes da proposta de reforma do setor elétrico, o ministro voltou a falar que texto terá quatro alicerces, entre os quais, o da abertura total do mercado livre até 2030.  

Silveira havia falado no início de agosto sobre o texto, destacando que seria feito por meio de um projeto de lei, mas na entrevista deste final de semana, ele destacou que há legalidade para implementação via medida provisória (MP), porém salientou que a Presidência da República deve avaliar a opção, a partir de análise da Secretaria Especial de Análise Governamental (SAG).

O ministro também disse que o texto está pronto e em análise na Casa Civil e aproveitou para criticar os lobbies criados no setor nos últimos anos pelo Congresso Nacional e pelas associações do setor elétrico. Ele ainda afirmou que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Operador Nacional de Sistema Elétrico (ONS) e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) ficaram à “margem” das políticas energéticas nos últimos anos, o que ajudou a causar as distorções do semento e a aumentar  os subsídios dentro da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

“Levamos algumas questões junto à Câmara dos Deputados e ao Senado, a fim de sensibilizar os colegas [sobre a reforma].[Além disso], as associações se dividiram muito e passaram a ocupar o espaço de formuladores de política pública no Congresso Nacional. Por isso, nós precisamos formular uma política equitativa e equilibrada”, disse Silveira.