Gaslub

Após 16 anos, antigo Comperj é inaugurado, com metade da capacidade em operação

As estruturas prometem reduzir a reinjeção de gás do pré-sal, aumentando a disponibilidade do combustível para o mercado.

Crédito: Ricardo Botelho/MME
Crédito: Ricardo Botelho/MME

A Petrobras inaugurou nesta sexta-feira, 13 de setembro, o Complexo de Energias Boaventura, antigo Comperj e Gaslub. A estrutura inclui o gasoduto Rota 3 e uma unidade de processamento de gás natural (UPGN). As estruturas prometem reduzir a reinjeção de gás do pré-sal, aumentando a disponibilidade do combustível para o mercado.

A UPGN terá capacidade total para até 21 milhões de m³ por dia de gás natural, dividida em dois módulos de igual capacidade. Atualmente, a Petrobras pode operar um destes módulos – portanto, 10,5 milhões de m³ de gás. A planta será abastecida pelo gasoduto Rota 3, com capacidade para escoar até 18 milhões de m³ de gás por dia por meio de 355 quilômetros de dutos.

“Com o Rota 3, teremos plena capacidade de processamento do gás do Campo de Búzios e outros campos do pré-sal. Teremos, finalmente, condições de reduzir a reinjeção de gás natural offshore em larga escala”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante a inauguração do complexo. Em junho de 2024, o campo de Búzios reinjetou 22 milhões de m³ de gás por dia. A reinjeção ocorre tanto por indisponibilidade de escoamento, que deve ser parcialmente resolvido com a operação do Rota 3, quanto para aumentar a produção de petróleo nos poços.

Complexo aumentará a produção de derivados do Rio de Janeiro em 50%

Além do Rota 3 e da UPGN, a Petrobras pretende implementar no Complexo de Energias Boaventura unidades de refino para produção de combustíveis e de lubrificantes. Segundo a presidente da estatal, Magda Chambriard, a unidade de refino começará a ser construída em 2025. “Vai aumentar a produção de derivados do estado do Rio de Janeiro em 50%, passando de 240 mil barris de petróleo por dia para 360 mil barris de óleo por dia”, disse a executiva.

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A retomada das obras da refinaria foi anunciada em maio deste ano. Segundo a Chambriard, serão investidos R$ 13 bilhões no complexo em produção de lubrificantes, diesel e querosene de aviação. Outros R$ 7 bilhões devem ser investidos na ampliação da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), que estará integrada com o Complexo de Energias Boaventura.

Também está nos planos da Petrobras para o Complexo a construção de duas térmicas, com a intenção de participação em leilões de energia.

“Uma entrega do Gás para Empregar”

Na cerimônia de inauguração, Silveira classificou a inauguração do Rota 3, que estava em operação parcial desde 2022, como “uma entrega do Gás para Empregar”, cujo decreto foi publicado no dia 27 de agosto no Diário Oficial da União (DOU). Segundo ele, o Gás para Empregar vai destravar investimentos de R$ 95 bilhões no setor.

O ministro também afirmou que, com o programa, “o mercado fica mais competitivo, com um modelo regulatório mais moderno e previsível”. A avaliação é diferente daquela informada por produtores de gás natural, que entendem que o decreto tem caráter intervencionista e traz riscos de judicialização e de postergação de investimentos.

Sobre o Complexo de Energias Boaventura

O atual Complexo de Energias Boaventura é inaugurado 16 anos depois de seu anúncio, em 2008. A estrutura foi inicialmente batizada como Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Em 2015, as obras foram paralisadas em função de denúncias de corrupção e, em 2019, o governo rebatizou o projeto como Polo Gaslub.

Na cerimônia de inauguração, o ministro Alexandre Silveira classificou a paralisação da obra como “covarde e irresponsável”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também participou da cerimônia e avaliou as denúncias de corrupção à Petrobras como tentativas de desestabilizar a empresa. “Eu vou fazer a pergunta ao contrário: quanto custou paralisar a obra desde 2018?”, perguntou Lula.