Associações aéreas pediram ao governo federal um prazo mínimo de 180 dias entre o decreto de estabelecimento do horário de verão e o efetivo início da mudança do horário para que as mais de 40 empresas do setor, nacionais e internacionais, consigam se adaptar à mudança.
Em carta publicada nesta terça-feira, 24 de setembro, quatro entidades da categoria pediram para o governo analisar quais seriam as necessidades do segmento em uma eventual decisão e as possíveis consequências.
Segundo as entidades, uma das principais repercussões na categoria, em um cenário de restabelecimento de forma tempestiva, seria as alterações de horários em cidades brasileiras e no exterior que não participam da nova hora legal de Brasília, o que poderia causar mudanças na hora de saída/chegada dos voos e, consequentemente, perdas do embarque pelos clientes por apresentação tardia e eventual perda de conexões.
“As empresas internacionais precisarão alterar os horários dos seus voos no Brasil, sofrendo a mesma disfunção citada. Estes ajustes geram a necessidade de reprogramação de voos, acomodação de última hora e alterações de planos de viagem dos passageiros. Outros impactos diretos afetarão a escala de tripulantes, a disponibilidade de slots e a capacidade dos aeroportos, principalmente aqueles com restrições e escassez na alocação de novos horários”, diz trecho do documento.
Além disso, as associações citam que a falta de comunicação prévia para que as empresas aéreas ajustem os horários de voos e conexões pode resultar em grandes transtornos para a sociedade, especialmente durante a temporada de verão e festas de final de ano.
São signatárias do documento a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (Alta), a International Air Transport Association (Iata) e a Junta de Representantes das Companhias Aéreas Internacionais do Brasil (Jurcaib).
Retorno do horário de verão
Suspenso desde 2019, o horário de verão é uma das medidas pensadas pelo governo para lidar com a seca atual no país.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a decisão deve ser tomada nos próximos dias, por meio de decreto presidencial. Mesmo assim, em função das eleições, o novo horário só deve entrar em vigor depois do segundo turno, marcado para 27 de outubro.
Seca
Uma das bacias mais afetadas pela escassez das chuvas é a do rio Madeira, localizado em Porto Velho, Rondônia, que pode causar a suspensão nas atividades das hidrelétricas Jirau e Santo Antônio.
Nesta segunda-feira, o rio atingiu uma cota de 25 centímetros (cm) – a marca mais baixa desde o início da série histórica, em 1967 Após registrar essa mínima, o nível apresentou variações e alcançou 40 cm nesta terça-feira, 24 de setembro. Os dados são apresentados em boletim de monitoramento hidrológico divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) e disponível na plataforma SACE.
De acordo com as projeções do SGB, não há tendência de recuperação do rio Madeira para os próximos dias.
“As previsões de chuva só indicam melhorias após o dia 1º de outubro. Até essa chuva chegar à estação de Porto Velho, os níveis podem continuar bem baixos por cerca de 20 dias. Na Bolívia, que é a cabeceira da bacia, as vazões continuam reduzindo”, explicou o pesquisador em geociências do SGB Marcus Suassuna.