Hub de H2V

Fundo vai liberar R$ 6 bilhões para financiar indústria com hidrogênio

Hub-de-hidrogenio-do-Complexo-do-Pecem-Divulgacao
Hub de hidrogênio do Complexo do Pecém - Divulgação

O governo brasileiro anunciou uma parceria com o Climate Investment Funds (CIF), que prevê R$ 6 bilhões em financiamentos para projetos em todo o mundo, incluindo no Brasil, de produção de hidrogênio verde, com foco na descarbonização da indústria. Uma chamada pública será aberta para escolher os projetos aptos a utilizar os recursos.

Os projetos devem integrar, que servirão para integrar as etapas de produção, armazenagem e transporte, conectando diferentes setores da economia. 

Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), a chamada pública de seleção dos projetos buscará soluções que atendam aos critérios de elegibilidade, alinhadas com os objetivos do CIF e focadas na descarbonização de setores industriais difíceis de abater. As propostas selecionadas poderão ter a oportunidade de compor o plano de investimentos do Brasil para acessar o financiamento, que poderá cobrir desde projetos de engenharia até a aquisição de equipamentos e capital de giro.

O anúncio foi feito em uma reunião Ministerial de Energia Limpa e Missão Inovação (CEM-MI, sigla em inglês), em Foz do Iguaçu, no Paraná, evento que ocorre em paralelo às reuniões do grupo de trabalho de transições energéticas do G20, em que participaram o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a presidente do CIF, Tariye Gbadegesin, e a ministra do Clima pelo Departamento de Segurança Energética e Net Zero do Reino Unido, Kerry McCarthy.

“Essa ação é parte fundamental do Programa Nacional de Hidrogênio (PNH2), e está alinhada com o nosso plano de trabalho trienal 2023-2025. Queremos consolidar polos de hidrogênio de baixa emissão no Brasil até 2035, aproveitando nossa vasta riqueza de produtos energéticos e a criatividade do nosso setor industrial. Estruturar estes polos nos permitirá atender não só a demanda local, como nos tornar um país competitivo no cenário global de hidrogênio“, afirmou Silveira.

O carbono na transição

No evento, o governo brasileiro afirmou ainda que vai aderir à iniciativa de Captura, Utilização e Armazenamento de Carbono (CCUS), promovida pelo Clean Energy Ministerial (CEM). Cerca de 15 países estão dentro da ação global, que busca acelerar o desenvolvimento e a implementação da tecnologia de CCUS no mundo.

“O Brasil já tem um dos maiores projetos do mundo de CCUS na Bacia de Santos. Em 2023, estimamos que foram injetados nos reservatórios 20 milhões de toneladas de CO2, e chegaremos a 40 milhões de toneladas em 2030, em função do aumento da nossa produção. Estamos comprometidos com várias iniciativas que contribuem para o avanço dos compromissos assumidos pelo Brasil no Acordo de Paris”, falou o secretário Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, Pietro Mendes,

De acordo com o ministério, ao aceitar o convite, o Brasil fortalece o papel central no combate às mudanças climáticas, colaborando com outras nações na troca de conhecimentos, desenvolvimento de políticas públicas e identificação de oportunidades de investimento. A participação também pode abrir portas para parcerias estratégicas no setor de petróleo, que está diretamente envolvido em iniciativas globais de descarbonização.

Parcerias com os EUA

O ministro de Minas e Energia e a secretária de Energia dos Estados Unidos, Jennifer Granholm, assinaram um memorando de entendimento com os Estados Unidos para o Brasil sediar o evento Solar Decathlon para América Latina e Caribe.O acordo foi selado durante reunião do Fórum de Energia Brasil-EUA, também em Foz do Iguaçu, no Paraná.

Além da assinatura, os países discutiram uma cooperação em hubs de energia limpa, por meio de parcerias entre os governos, mas também com participação do setor privado. A ideia é que os centros operem hidrogênio e os CCUS.

“Os EUA são parceiros fundamentais para o Brasil. Com essa iniciativa, queremos desenvolver o conceito de hubs de energia limpa, como centros que vão se beneficiar das sinergias entre os empreendimentos, com escala econômica para ampliar a descarbonização industrial. A interação com o governo americano é fundamental para verificarmos as lições aprendidas e desenvolvermos uma regulamentação para CCUS mais assertiva”, pontuou Silveira.

Brasil no G20

Entre os dias 2 e 4 de outubro, o ministro participou de encontros do G20, onde defendeu que o Brasil tem condições de responder a demanda por eletricidade dos data centers, que devem demandar três vezes mais energia nos próximos 15 anos, por conta do avanço da inteligência artificial.

No âmbito dos combustíveis para transporte, o embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente, chamou a atenção para a questão da padronização da produção e comercialização dos biocombustíveis.

Em sua opinião, a produção de um biocombustível começa na agricultura que muda de país para país devido às diferenças de clima e solo de cada região.

“Devido a questão comercial, se você quer assegurar que vai ter combustível sustentável para aviação, ele tem que ter um padrão para que cada vez que o avião vá a qualquer lugar do mundo ele bote um combustível que tenha o mesmo padrão de sustentabilidade. Porque se um país faz de um jeito e outro país faz de outra maneira você não está reduzindo as emissões”, afirmou.