Apagão

Mais de 530 mil consumidores estão sem energia em São Paulo após 48 horas

Dos 2,6 milhões de consumidores, 2,1 milhões estavam localizados na área de concessão da Enel SP.

Árvores após tempestade
Árvores após tempestade | Enel, divulgação

Após um forte vendaval que deixou cerca de 2,6 milhões de clientes sem energia na cidade de São Paulo, Região Metropolitana e Grande São Paulo, na sexta-feira, 11 de outubro, mais de 535 mil clientes continuam sem o fornecimento nesta segunda.

Dos 2,6 milhões de consumidores, 2,1 milhões estavam localizados na área de concessão da Enel SP.

A distribuidora informou que até as 5h40 desta segunda-feira, 14 de outubro, mais de 1,5 milhão de clientes que ingressaram chamados ao longo dos últimos dias tiveram o serviço normalizado.

“Seguimos trabalhando para restabelecer o fornecimento para cerca de 530 mil clientes impactados. Nossas equipes em campo receberam reforço do Rio e Ceará e de outras distribuidoras”, disse a distribuidora em nota.

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Na capital, cerca de 354 mil clientes estão sem energia. Os municípios mais impactados são de Cotia, com 36,9 mil clientes sem energia, Taboão da Serra, com 32,7 mil; e São Bernardo do Campo, 28,1 mil.

Os dados têm sido atualizados pela distribuidora diariamente, até mesmo no seu portal de atendimento ao cliente. No entanto, não há mais previsão de retorno disponível no site da companhia ou canais de atendimento ao consumidor.

Reunião da Aneel com concessionárias

“No caso da Enel SP, a diretoria da Aneel solicitou que a área de fiscalização intime imediatamente a empresa para apresentar justificativas e proposta de adequação imediata do serviço diante das ocorrências registradas, de falha na prestação do serviço de distribuição”, disse a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em nota.

Como parte do processo de intimação, a proposta será avaliada pela diretoria colegiada da Aneel e, caso a empresa não apresente solução satisfatória e imediata da prestação do serviço, a agência instaurará processo de recomendação da caducidade da concessão junto ao Ministério de Minas e Energia

No domingo, 13, a agência promoveu reunião com concessionárias de distribuição e transmissão para verificar e avaliar as ações de restabelecimento de energia no Estado de São Paulo.

Na reunião foram avaliados cenários de atendimento em cada localidade e área de atuação, as ações até então tomadas pelas empresas, as equipes mobilizadas, os recursos materiais e humanos disponíveis.

Durante a reunião também foram discutidas possibilidades de compartilhamento de equipes e infraestruturas entre as empresas.

A EDP São Paulo disponibilizou durante o fim de semana equipes para a Enel SP; a Light do Rio de Janeiro, também disponibilizou 26 profissionais, entre eletricistas, técnicos e supervisores, além de veículos para suporte ao restabelecimento.

O esforço concentrado entre as empresas visa o restabelecimento da energia dos consumidores de São Paulo atingidos pelas graves ocorrências no estado. As ações definidas serão encaminhadas para conhecimento do Ministério de Minas e Energia (MME).

Sala de situação e ataque à Aneel

O Ministério de Minas e Energia determinou no sábado, 12 de outubro, que a Aneel “cumpra com o dever de cobrar celeridade da distribuidora Enel, no sentido de garantir o rápido restabelecimento de energia elétrica na região metropolitana de São Paulo”.

De acordo com o MME, a agência claramente se mostra falha na fiscalização da distribuidora de energia, uma vez que o histórico de problemas da Enel ocorre reiteradamente em São Paulo e também em outras áreas de concessão da empresa. 

“Mostrando novamente falta de compromisso com a população, a agência reguladora não deu qualquer andamento ao processo que poderia levar à caducidade da distribuidora, requerido há meses pelo ministério, o que deve ensejar a apuração da atuação da Aneel junto aos órgãos de controle”, diz nota do MME.

O MME esclarece ainda que não há qualquer indicativo de renovação da concessão da distribuidora em São Paulo e que a falta de apuração adequada da Aneel no caso não pode ser justificadas.

Em outro momento

Em setembro, o ministro Alexandre Silveira esteve na base da Enel São Paulo em Guarapiranga, zona sul da capital paulista, para conhecer as medidas implementadas pelo grupo italiano para assegurar resiliência da rede e enfrentar o próximo período chuvoso que começa no verão, época em que normalmente são registrados mais problemas na rede, resultado de ventos, quedas de árvores e inundações, principalmente.

A visita aconteceu dez meses depois do apagão que deixou São Paulo no escuro por quase uma semana, em novembro de 2023, e colocou a Enel na mira de críticas dos governos federal, estadual e municipais.

“Depois daquele evento e da nossa cobrança, houve realmente um planejamento muito mais adequado para enfrentamento do verão, mas voltaremos aqui para avaliar os resultados efetivamente após o verão”, disse Silveira, em entrevista a jornalistas depois do evento.

O ministro aproveitou a ocasião para conversar com eletricistas, conhecer o centro de treinamento da Enel e para se reunir com o ministro do Meio Ambiente e Segurança Energética da Itália, Gilberto Pichetto Fratin, e com o presidente da Enel no Brasil, Antônio Scala.