Com reversão do prejuízo, a Light segue com foco na sustentabilidade da concessão de sua distribuidora com vistas à renovação do seu contrato, que se encerra em junho de 2026. Segundo Alexandre Nogueira, CEO da distribuidora, que já manifestou interesse de continuar com a concessão por mais 30 anos, a Light acredita que as diretrizes trazidas na consulta aberta pela Agência Nacional de Energia (Aneel) aborda temas fundamentais para atingir este objetivo.
“Certamente contribuiremos na discussão pública, tempestivamente, levando as nossas contribuições com relação às características aqui da área de concessão da Light”, disse em teleconferência com investidores para divulgação dos resultados do terceiro trimestre.
De acordo com o executivo, o documento em discussão, fundamentado no decreto nº 12.068 do Ministério de Minas e Energia, estipula tratamento diferenciado tanto para reconhecimento de perdas não técnicas e inadimplência, bem como das tarifas e diretrizes específicas para critérios de qualidade nas áreas de riscos dentro das concessões.
A resolução desse aspecto é dita como fundamental para Nogueira, pois pode permitir a “sustentabilidade econômica e financeira da companhia”.
“A redução das perdas não técnicas e da inadimplência são temas cruciais para a nossa operação e para o nosso posicionamento. Com um mercado mais equilibrado, a distribuidora poderá direcionar seus recursos para a melhoria na prestação de serviço, com benefícios diretos para os consumidores finais de energia elétrica.
Recuperação judicial
Ao longo do terceiro trimestre do ano, a distribuidora concluiu o processo de escolha das opções de pagamento pelos credores e aprovou o scheme of arrangement, homologado perante a High Court of Justice da Inglaterra e do País de Gales, Reino Unido. A companhia ainda concluiu o processo de reconhecimento dos efeitos da recuperação judicial nos Estados Unidos.
O conselho de administração da companhia também aprovou a emissão dos instrumentos conversíveis em ações da Light S.A.
Segundo Nogueira, a apuração das alocações “evidenciou uma demanda significativa de credores dispostos a converter seus créditos em participação acionária da Light”, com o limite de R$ 2,2 bilhões previsto no plano, superado em mais de 50% a demanda.
“Em processo de implementar as trocas dos papéis ao longo do quarto trimestre e ao final deste processo, teremos uma dívida reperfilada, com menor pressão no fluxo de caixa no curto prazo, assim como prazo de pagamentos mais alongados. A nova realidade financeira da Light, decorrente da implementação das medidas do plano, estará refletida nos resultados da companhia a partir do quarto trimestre de 2024”, explicou o CEO da empresa.
Resultados Light
A Light registrou lucro líquido de R$ 157,5 milhões no terceiro trimestre de 2024, revertendo prejuízo de R$ 10,9 milhões da mesma etapa do ano anterior.
Elevação de 4,5% foi registrada na receita líquida, que alcançou R$ 5,59 bilhões. Já o Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 1,63 bilhões, crescimento de 9,9%.
Impacto na geração e comercialização
Nestes segmentos, a light apresentou receita líquida combinada de R$ 317,8 milhões, queda de 21,8%. O volume comercializado pelo grupo foi de 806 MW médios, registrando aumento de 31% frente ao terceiro trimestre de 2024 (614 MW med).
Segundo a empresa, ainda que o volume comercializado tenha sido maior, uma vez que neste ano houve o término da vigência de contratos relevantes com consumidores e agentes de mercado, a energia foi vendida a um preço médio inferior àquele observado nos contratos anteriores. O cenário impactou negativamente a margem destes setores no período.
“Ao longo deste ano, a empresa passou por uma ampla reestruturação na área de comercialização, com criação de novas linhas de negócio e expansão do time comercial, resultando em oferta de novos produtos. Estamos preparando a Lightcom para seguir crescendo de forma sustentável e acreditamos no seu potencial”, disse Rodrigo Tostes, diretor Financeiro da Light.
Desempenho na distribuidora
O mercado faturado ajustado, que exclui cancelamentos de energia retroativa e itens não recorrentes, totalizou 5.787 GWh na etapa, queda de 1,5%. A redução é explicada pela empresa pela retração no segmento concessionárias, que representa a energia transmitida através da rede da Light para outras concessões que fazem fronteira com a companhia.
No segmento cativo, o consumo recuou 293 GWh ou 8,7% na comparação anual, em função do efeito da migração de clientes no segmento comercial e industrial para o mercado livre de energia.
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Já o impacto da geração distribuída (GD) no mercado faturado foi de 275 GWh, dos quais 165 GWh se referem a energia compensada e 110 GWh a consumo simultâneo. Segundo a Light, o volume de 275 GWh representa um avanço expressivo de 66,5% em relação ao mesmo trimestre de 2023.
Nos últimos 12 meses, a empresa viu crescimento de 22% da capacidade instalada de mini e microgeração distribuída na sua área de concessão. No acumulado do ano, o impacto da GD reduziu o mercado faturado ajustado da Light em cerca de 788 GWh, com aumento de 275 GWh (+53,6%) em relação ao período homólogo.
Perdas na empresa
Em relação ao combate às perdas, a distribuidora destacou em seu balanço os números dos últimos 12 meses, encerrados em setembro de 2024. Nesta etapa, as perdas não técnicas, que exclui energia retroativa e itens não recorrentes, cresceram 1.348 GWh, crescimento concentrado nas áreas de risco, que sofreu impactos pela maior temperatura média no período.
Plano Verão
De acordo com o CEO da Light, a empresa está se preparando para a fase de maior demanda, o verão de 2024/2025, por meio do fortalecimento do time. Desde outubro, a companhia conta com 54 novas equipes totalmente operacionais, além de outras 51 equipes dedicadas a outras frentes da operação, preparadas para reforçar o atendimento à população durante a vigência do plano verão.