Após veto de 'jabutis'

Eduardo Leite e comitiva gaúcha pedem MP para retomar térmica a carvão

Governador Eduardo Leite e outras autoridades gaúchas articulam retorno das operações da UTE Candiota, que pertence à Âmbar e é movida a carvão

Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PMDB). Lideranças gaúchas incluem medida provisória como solução para retomar atividades da UTE Candiota III, da Âmbar
Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PMDB). Lideranças gaúchas incluem medida provisória como solução para retomar atividades da UTE Candiota III, da Âmbar

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), foi a Brasília acompanhado de prefeitos, parlamentares e outras autoridades gaúchas para articular o retorno das atividades da termelétrica Candiota III (350 MW), que está parada desde 1º de janeiro, após o vencimento de seus contratos de fornecimento. A usina pertence à Âmbar Energia, da holding J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista, e é movida a carvão mineral.

Lideranças gaúchas pedem “transição energética justa” para a região de Candiota, que tem cerca de 80% de sua economia dependente do carvão mineral. A prorrogação da contratação da planta até 2050 foi incluída pelo Congresso Nacional entre os “jabutis” do projeto de lei das eólicas offshore (PL 576/2021), mas os trechos que tratavam de outras fontes além das eólicas receberam veto presidencial durante a sanção que originou a lei nº 15.097/2025. O Congresso retornou suas atividades em fevereiro e deverá analisar os vetos presidenciais.

Nesta quarta-feira, 12 de fevereiro, a comitiva gaúcha se reuniu com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Entre as alternativas discutidas para a retomada das operações está a possibilidade de edição de uma Medida Provisória pelo governo federal, segundo o governo do Rio Grande do Sul.

Candiota III iniciou suas operações em 2009 e operou até o fim de 2024. Em 2023, o município de Candiota foi o primeiro colocado nacional em emissões de gases de efeito estufa de termelétricas, sendo responsável por 22,5% do total.

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Segundo o governo gaúcho, a planta ainda tem condições técnicas de operar por pelo menos mais dez anos. “O governo do estado contratou consultorias especializadas e estamos trabalhando com a Way Carbon e o Centro Brasil no Clima para dar suporte a um plano de ação”, declarou em nota Eduardo Leite. O estudo, com duração prevista de 13 meses, deve orientar políticas públicas nas regiões dependentes do carvão.

Além de Candiota III, o Rio Grande do Sul tem outra térmica movida a carvão: Pampa Sul, com capacidade instalada de 340 MW. Além disso, o estado tem 90% das reservas brasileiras de carvão mineral.

Decisão judicial

O governo do Rio Grande do Sul reverteu a liminar que havia suspendido o contrato com a consultoria formada pelo consórcio WayCarbon e o Centro Brasil no Clima para a elaboração do Plano de Transição Energética Justa.

A assinatura de contrato, com investimento de R$ 2,3 milhões, ocorreu em 28 de outubro de 2024. O plano aborda a indústria de carvão mineral do estado, com o objetivo de traçar uma proposta para avançar nas energias renováveis mediante uma transição justa do ponto de vista social.