Para 2045

Anemus assume dívida da 2W e credores aumentam prazo de pagamento

Eólica
Parque eólico Anemus assumiu obrigação das debêntures, que tiveram o prazo alongado pelos credores

Mesmo com sucessivas mudanças na sua diretoria, a 2W Ecobank conseguiu aval de credores para adiar o vencimento de cerca de R$ 225 milhões em debêntures emitidas em 2022, evitando assim o vencimento antecipado da dívida, que terá as obrigações assumidas integralmente pelo complexo eólico Anemus, empreendimento operacional controlado pela companhia.

A assembleia de credores da 3ª emissão de debêntures da 2W aconteceu no dia 28 de fevereiro, quando aprovaram um aditamento no instrumento da dívida. O vencimento, que originalmente seria em janeiro de 2038, passou para março de 2025.

Os juros remuneratórios continuam em 10,55% sobre o valor nominal da dívida entre sua emissão e hoje. Caso haja atraso no pagamento de qualquer valor aos credores, serão cobrados juros moratórios à razão de 1% ao mês, além de uma multa de 2%.

O acordo com credores foi costurado para evitar o vencimento antecipado da dívida, que era previsto pelo contrato depois que houve o vencimento antecipado de outras emissões da 2W, que enfrenta crise financeira dado seu alto endividamento, e já precisou se desfazer de um parque eólico operacional em favor de um credor, o Darby Fund.

A condição para a renegociação foi a assunção da obrigação diretamente pelo parque Anemus, que poderá usar o caixa gerado pela venda de energia no pagamento da dívida. O parque, operacional desde maio de 2024, tem 138,6 MW de potência.

Segundo a ata da assembleia, os credores foram ainda informados que os investidores da 2W devem precisar fazer aporte na empresa para pagar R$ 668,636 mil em obrigações devidas, sendo R$ 540 mil em honorários ao assessor legal devidos até 21 de fevereiro e R$ 68,2 mil devidos e não pagos ao agente fiduciário.

Tratativas para reduzir a dívida

A companhia vem tentando alternativas para se reestruturar e evitar uma recuperação judicial desde o ano passado. Em agosto, depois que uma tentativa de venda do seu controle à Matrix Energia fracassou, a 2W fechou acordo para transferir ao fundo de private equity Darby o parque eólico Kairós I, de 112,5 MW de potência, em uma operação que enxugou sua dívida em R$ 850 milhões.

A dívida total do grupo caiu de R$ 2,4 bilhões para cerca de R$ 1,5 bilhão, ainda desafiadora, em meio às tratativas com os demais credores e as mudanças na sua gestão.

Mesmo com a redução da dívida, a não entrega das demonstrações financeiras desde 2023 representou motivo para antecipar o vencimento dos títulos, e a 2W manteve negociações com credores para tentar solucionar o impasse.

No início de 2025, a Anemus Wind, sociedade de propósito específico (SPE) dona do parque eólico em questão, publicou o balanço dos nove primeiros meses de 2024, quando teve prejuízo de R$ 60,8 milhões, refletindo em grande parte o aumento das despesas financeiras, por conta dos problemas ligados à dívida elevada.

Em parecer no balanço, a auditoria independente Grant Thornton alertou para a incerteza relevante da sua continuidade operacional. Nas notas explicativas, a Anemus destacou que sua estratégia para sair da situação envolvia a conversão de dívida em participação societária e o alongamento de dívidas de curto prazo.

Dança das cadeiras no comando

Logo depois que veio à tona que transação com a Matrix fracassou, Claudio Ribeiro deixou a presidência da empresa, cargo que ocupava desde 2019.

Desde então, a cadeira de presidente passa por instabilidade. No início de agosto, Ricardo Levy deixou o cargo após cerca de um mês na posição, e foi efeito em seu lugar Rodrigo Aguiar, que foi diretor da Renova Energia, empresa que tinha como sócio Ricardo Delneri, fundador da 2W.

Em 11 dezembro, Aguiar deixou a empresa, e a presidência foi ocupada temporariamente por Manoel Antônio Amarante Avelino da Silva. Em 20 de dezembro, quem deixou a 2W foi o então vice-presidente de Finanças, Marcos Guedes Pereira, e Avelino da Silva deixou a presidência para assumir o cargo, quando Adriano Chaves Jucá Rolim se tornou presidente, acumulando ainda as vice-presidências Jurídica, de Relações Institucionais e Compliance.

Na semana passada, antes da assembleia de credores, Avelino da Silva deixou a diretoria da empresa, e foi eleita Michelle Adriane Bochnia Coutinho para o cargo de diretora. Rolim, por sua vez, passou a acumular também a função de diretor de Relações com Investidores.

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