Abertura do mercado

Abertura do mercado livre exige sinal de preços, afirma conselheiro da ABGD

Sinal de preços em mercado livre de energia
Sinal de preços em mercado livre de energia

A abertura do mercado livre de energia para todos os consumidores, prevista na Medida Provisória (MP) 1.300 demandará sinal de preços para fazer sentido, segundo José Marangon, conselheiro da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD).

A afirmação do executivo veio após questionamento sobre ofício do Ministério da Fazenda defendendo que a micro e minigeração distribuída (MMGD) passe a participar do “rateio” do curtailment. Para ele, o Brasil precisa do sinal de preços para ter um mercado amadurecido, assim como em outros países e com maior previsibilidade.

“O Brasil tem um sistema de preço com um mínimo e um teto. Mas, você não tem controle do preço, da oferta e da demanda, ou seja, não tem previsibilidade. Com a MP, podemos ter uma liberação do mercado para a baixa tensão, mas qual sinal de preço ele terá? Não tem sentido falar em liberação sem este sinal”, disse em participação em evento da Huawei Digital Power realizado em São Paulo nesta terça-feira, 1° de julho.

Para ele, o mecanismo também poderia ajudar a reduzir a curva do pato no país “pelo próprio mercado”, incentivar a instalação de sistemas de armazenamento, além de ser crucial para o avanço do mercado de serviços ancilares.  

Mercado norte-americano

Marangon citou o Texas, nos Estados Unidos, como exemplo de mercado que opera com preços variáveis conforme a oferta e a demanda. No estado americano, o sistema permite aos consumidores escolherem planos com preços que mudam a cada hora, refletindo o custo da eletricidade no mercado atacadista.

Essa dinâmica de sinalização ajuda a fomentar o uso de tecnologias como baterias, que possibilitam a arbitragem energética — armazenar energia quando o preço está baixo e utilizá-la quando está alto.

>> Baterias ajudam empresas a arbitragem energia nos EUA

Baterias e a curva do pato

O representante da associação comentou ainda sobre a necessidade de sistemas de armazenamento na geração distribuída para reduzir a curva do pato nas distribuidoras, que poderão sofrer variações de tensão. Para ajudar na instalação dos sistemas neste cenário, ele defendeu incentivos, por meio de redução tributária.

“Precisamos incentivar para evitar a curva do pato lá no final, que é nosso problema atual com a transmissão e o crescimento do curtailment (cortes na geração)”, falou.