
Com 40 GW em aerogeradores instalados mundialmente, a fabricante chinesa Windey Energy abriu oficialmente seu escritório em Salvador, na Bahia, e iniciou a implantação de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento na sede do Senai Cimatec.
A chegada também contou com o anúncio de parceria com a desenvolvedora de projetos eólicos Aurora Windy, que possui em portfólio mais de 5 GW em projetos na Bahia e Piauí.
Com o escritório instalado em Salvador, a empresa estuda a viabilização de fábricas no país, tanto para aerogeradores quanto para sistemas de baterias.
“A intenção é produzir localmente para abastecer o Brasil e outros mercados da América Latina. Com uma unidade fabril, poderemos também acessar linhas de financiamento como as do BNDES, aumentando nossa competitividade frente a outros fornecedores”, disse Hugo Iounchan Chang Miranda, diretor da América Latina da Windey Energy, em entrevista à MegaWhat.
Enquanto isso, a empresa está apta a fornecer ao mercado brasileiro equipamentos importados, e destaca seus aerogeradores de até 9,1 MW de capacidade instalada, em que aposta como diferencial competitivo imediato, já que não há produto similar no país.
Segundo Hugo Iounchan Chang Miranda, a chegada ao Brasil representa uma estratégia ampla que vai além da venda de aerogeradores.
“Atuaremos também em serviços de operação e manutenção de parques eólicos, em soluções Power-to-X (como hidrogênio verde e e-metanol) e especialmente no segmento de armazenamento de energia com BESS (Battery Energy Storage Systems), disse o diretor da companhia.
Curtailment: uma nova realidade do mercado brasileiro
A empresa vê o curtailment como uma nova realidade para o mercado brasileiro e que requer novas soluções, como os sistemas de armazenamento para mitigação dos impactos em momentos de restrição.
Outra solução da companhia é a de turbinas adaptadas a regiões de vento fraco, permitindo a viabilização de projetos em áreas com maior disponibilidade de conexão à rede.
“Apostamos também em soluções integradas com microredes, capazes de atender cargas próximas, como projetos agrícolas de irrigação ou polos industriais isolados”, disse o executivo.
A empresa ainda destaca que, recentemente, venceu uma licitação em Honduras para fornecimento de um sistema BESS de 75 MW/300 MWh, voltado à estabilização do sistema elétrico, “uma realidade semelhante à que enfrentamos hoje no Brasil”, completou.
A Windey Energy
A Windey Energy possui mais de 40 GW em capacidade instalada de turbinas eólicas em operação. Em 2024, foram 12,5 GW em novas instalações.
Sua atuação contempla 40 regiões, além da China, países como Singapura, Vietnã, Cazaquistão, Uzbequistão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Índia, Sérvia, Bósnia e Bolívia.
Entre os principais clientes, a Windey Energy cita desenvolvedores também instalados no Brasil, como a CGN, CNOOC e Spic, além de manter parcerias estratégicas com instituições financeiras globais.
A unidade da companhia no Brasil foi inaugurada pelo presidente mundial da empresa, Cheng Chenguang, em cerimônia na última sexta-feira, 26 de junho, com as presenças do governador Jerônimo Rodrigues, do ministro da Casa Civil, Rui Costa, do presidente da CNI, Ricardo Alban, além de outras autoridades e players do mercado.
No evento, Cheng Chenguang reforçou que escolheu a Bahia para ser a sede da empresa na América Latina porque, além das características naturais do estado para a geração de energia renovável, encontrou sinergia para viabilizar os projetos da empresa, como a do Senai Cimatec.
“Encontramos muita sinergia: estudo, inovação, tecnologia. O lançamento do nosso centro de pesquisa aqui será o ponto de partida para a jornada da Windey no Brasil para escrevermos um novo capítulo da relação Brasil China. O Brasil tem potencial e temos um compromisso com o desenvolvimento sustentável da Bahia”, disse Cheng Chenguang.
No Senai Cimatec, a companhia vai desenvolver e adaptar soluções tecnológicas em solo brasileiro, com ênfase em aplicações como Power-to-X, eólica adaptada às condições locais, estudos de serviços ancilares orientado ao BESS, digitalização de equipamentos e eficiência energética.