
A disputa sobre a operação do gasoduto Subida da Serra voltou para a esfera judicial no Superior Tribunal Federal (STF), após cinco audiências de conciliação fracassadas. Mesmo assim, a Compass, controladora das empresas com contratos com o ativo, vê espaço para acordo.
“Há espaço para discutir isso em um acordo, mesmo tendo falhado essa conciliação, e a depender do que vier de despacho do relator, pode-se abrir uma nova janela também para a discussão”, disse Antônio Simões, CEO da Compass, em teleconferência de resultados da companhia.
O Subida da Serra é um gasoduto da Comgás, concessionária de distribuição de gás de São Paulo que pertence ao grupo Compass. O projeto foi autorizado pela Arsesp, que regula o mercado estadual de distribuição, mas a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) entende que o gasoduto seria de transporte, o que o deixaria sob regulação federal.
A última tentativa de conciliação aconteceu em 23 de junho. Depois, a Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo se manifestou pedindo a apreciação de um pedido de liminar.
“Logo depois disso veio o recesso e a gente está aguardando. Acho que dentro desse trimestre a gente deve ter, pelo menos, algum encaminhamento do pedido do estado de São Paulo e, possivelmente, segue para uma outra fase do julgamento do mérito que, essencialmente, é uma discussão de conflito de competências e impacto confederativo”, completou Simões.
O Subida da Serra é abastecido pelo Terminal de Regaseificação de São Paulo (TRSP), também da Compass. A situação também levanta questionamentos sobre verticalização do mercado de gás em São Paulo, o que é vedado pela lei do Gás de 2021.
Small scale da Edge
No segundo trimestre de 2025, o volume total comercializado pela Edge no mercado interno foi de 364 milhões de m³, um aumento de 105% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior.
Segundo a companhia, o crescimento se deve à expansão da área de atuação e ampliação da sua representatividade em segmentos estratégicos do mercado livre, fornecendo gás natural de múltiplas fontes de originação.
No segmento de small scale, a empresa avança para atender os clientes off grid a partir do gás natural liquefeito (GNL) pelo transporte rodoviário. Hoje a companhia consegue atender clientes distantes em até mil quilômetros do terminal de Cubatão.
O projeto está em desenvolvimento e, durante esse processo, a companhia viu que era possível atender a um volume maior dentro do investimento previsto.
“É um projeto que começou com a intenção de ter 300 mil m³ que praticamente já nascem vendidos para dois grandes clientes, um com 150 mil m³, outro com 100 mil m³, e a gente está vendo a oportunidade de chegar a quase 400 mil m³ com o mesmo capex”, explicou Marcos Fernandes, CFO da Compass.
A expectativa é que o projeto seja finalizado no final de 2025 e comece a operar em 2026. Nos próximos dois anos, a Compass passa a olhar para um fase 2 do projeto, a depender da primeira fase de operação e de novos contratos com outros clientes.
Resultado da Compass
A Compass apurou lucro líquido de R$ 353 milhões no 2T25, 41% abaixo quando comparado com o 2T24. O resultado reflete os efeitos não recorrentes do trimestre do ano anterior e maior serviço da dívida líquida. No acumulado observa-se uma redução de 16%, explicados pela maior depreciação e resultado financeiro.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) alcançou R$ 1,2 bilhão no segundo trimestre, 12% abaixo quando comparado ao mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, o crescimento foi de 11%, reflexo do melhor desempenho em ambos os segmentos.
No 2T25 a companhia realizou Investimentos de R$ 538 milhões, destinados principalmente à expansão das operações de distribuição de gás natural e projetos de expansão da Edge como a planta de purificação de biometano e do GNL B2B.