Para a assessora especial do Ministério de Minas e Energia (MME) Mariana Espécie, é preciso que os países avaliem se será possível cumprir as metas climáticas e descarbonização no prazo definido por acordos como o de Paris.
“Onde queremos estar em 2035 e quais soluções precisaremos adotar globalmente? Temos visto muitos movimentos nos setores de aviação e marítimo, mas se estamos discutindo as regulações e mandatos, devemos nos perguntar se estamos prontos para entregar todas essas soluções, considerando o tempo que temos”, disse Espécie nesta terça-feira, 12 de agosto, no evento Rio 2025 Commodity Insights Briefing, realizado pela consultoria S&P Global no Rio de Janeiro.
“E isso é algo que realmente gostaríamos de trazer para as discussões da agenda de energia da COP30, porque se não conseguimos cumprir com esses objetivos no prazo, precisaremos adiar mais todas essas ambições e tentar encontrar soluções”, concluiu a assessora do MME.
Na avaliação de Espécie, faltam soluções globais para a descarbonização, embora algumas tecnologias, como biocombustíves, já podem ser escaladas.
A gerente executiva de Mudança Climática e Descarbonização da Petrobras, Viviana Coelho, entende que uma das chaves para o cumprimento das metas climáticas e sociais é a eficiência energética.
“Reduzir a quantidade de energia primária para ter o mesmo serviço de energia para a sociedade. Isso melhora a competitividade da empresa ou do país, porque os custos de energia afetam o custo da logística, o custo da produção industrial, o custo da comida”, avalia a especialista. Entretanto, em sua visão, as tecnologias de eficiência energética ainda precisam de mais incentivos e financiamento.
‘Sonhos não são projetos’
Para o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto Ardenghy, é preciso que haja pragmatismo e comprometimento de todo o setor privado no cumprimento das metas. “Nós precisamos ser mais proativos, mas, ao mesmo tempo, pragmáticos em termos de objetivos. Sonhos não são projetos, e temos que garantir que estamos lidando com essa questão de forma séria”, disse Ardenghy.
Para ele, a indústria de óleo e gás tem apresentado bons resultados em seus esforços pela descarbonização, ao conseguir reduções relevantes no processo produtivo e com o comprometimento de diversas empresas relevantes em chegar ao net zero em 2050. “E vamos alcançar isso, porque esses são os objetivos que estamos comprometidos a realizar”, garantiu.
Na mesma linha, Viviana Coelho, da Petrobras, também tem uma visão otimista do desempenho do setor em relação a redução de emissões de gases de efeito estufa. “Apesar de todas as diferenças que nós vimos no multilateralismo, nos últimos 5 anos, ou seja, em um prazo muito curto, nós estamos usando energia que é 13% mais descarbonizada”, disse.
Assim, Roberto Ardenghy avalia ser necessário que outras indústrias também se comprometam com a redução nas emissões. “O principal desafio que temos agora é ter um comprometimento completo para toda a indústria. Quando falamos sobre o net zero, falo sobre o escopo 1 e 2 [ligados ao processo produtivo], mas também temos que abordar o escopo 3 [relacionado ao uso dos produtos pelo consumidor final]. E quando chegamos ao escopo 3, falamos da demanda”, analisou.