
A Cemig reportou lucro líquido de R$ 1,19 bilhão no segundo trimestre de 2025, queda de 29,6% em relação ao mesmo período do último ano. A retração refletiu uma combinação de fatores, incluindo o impacto negativo de R$ 46 milhões na área de comercialização de energia, em função da exposição de cerca de 544 MW médios à diferença de preços entre submercados.
A assimetria nos valores levou ao aumento de 30,5% nos custos com energia adquirida no ambiente livre, alcançando R$ 1,6 bilhão. A elevação ocorreu em função da necessidade de compra para atender o maior volume vendido na atividade de comercialização e para cobrir déficits de energia em relação aos compromissos firmados.
Também houve aumento de 268,3% no custo com energia de curto prazo, saindo de R$ 132 milhões no segundo trimestre de 2024 para R$ 489 milhões no segundo trimestre de 2024. O crescimento foi causado, principalmente, pela elevação do PLD no submercado Sudeste/Centro-Oeste, que não foi compensada pelo PLD dos submercados Nordeste e Norte, o que representou uma diferença média entre submercados superior a R$ 60/MW.
Com portfólio concentrado no Nordeste e energia contratada nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, a Cemig tem sido afetada nos últimos meses pelas variações entre os preços regionais. Além disso, o Generation Scaling Factor menor no trimestre (0,95 no 2T25 e 0,99 no 2T24) impactou na maior necessidade de compra de energia.
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No braço de distribuição, a Cemig ainda destacou o aumento de R$ 148,1 milhões (+21,2%) no custo com geração distribuída, decorrente do aumento na tarifa de compra de GD e da elevação de 20,8% na energia injetada, que totalizou 1.797 GWh na etapa, influenciado pelo crescimento no número de instalações geradoras (336 mil em junho de 2025 e 273 mil em junho de 2024).
Créditos de PIS/Cofins
Em 14 de agosto de 2025, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou a Ação Direta de Inconstitucionalidade que questiona a constitucionalidade da Lei nº 14.385/2022, a qual trata da devolução de tributos pagos a maior pelas distribuidoras de energia elétrica aos consumidores. A companhia informou que aguarda a publicação do acórdão, momento em que haverá elementos suficientes para permitir a avaliação dos potenciais impactos contábeis, financeiros e operacionais decorrentes da decisão.
A decisão do STF validou a legislação, mas admitiu um prazo prescricional de dez anos, desde que os recursos não tenham sido devolvidos aos consumidores. Como a Cemig já devolveu os tributos pagos a maior via tarifa, não deve conseguir ressarcimento, mas os detalhes ainda não são conhecidos e dependem da publicação do acórdão.
Receita líquida e Ebitda
A receita líquida da Cemig foi de R$ 10,7 bilhões no 2T25, alta de 14,7%. A receita bruta com venda de energia a consumidores finais atingiu R$ 7,54 bilhões (+4,6%), influenciada pela elevação de 3,7% no volume de energia.
A receita de suprimento foi de R$ 1,14 bilhão (+10,8%), com aumento de 22,8%, variação explicada pelo crescimento de 27,6% no volume de energia faturada, especialmente para comercializadoras
Já a receita de transmissão registrou um aumento de R$4,7 milhões em relação ao 2T24. A variação foi influenciada, principalmente, pelo aumento na receita de construção, decorrente do maior volume investido em obras de reforços e melhorias.
A receita bruta com fornecimento de gás chegou a R$ 965,5 milhões, redução em relação aos R$ 972,4 milhões do ano anterior, impulsionada pelo menor volume de gás vendido para os clientes industriais.
O Ebitda ajustado subiu 15,4%, somando R$ 2,21 bilhões.
Base de clientes e fornecimento de energia
Em junho de 2025, a Cemig atingiu 9,51 milhões de clientes, com crescimento de 181 mil unidades (+1,9%) frente ao mesmo mês de 2024. Desse total, 9.504.790são consumidores finais e 2.450 são agentes do setor elétrico.
O fornecimento de energia, desconsiderando GD compensada, foi de 11.826 GWh no 2T25 (-3,3%). O resultado se deve à queda no consumo das classes s industrial (-287,9 GWh ou -5,0%), comercial (-101,3 GWh ou -6,2%) e de serviços públicos (-33,7 GWh ou -4,8%) em função, principalmente, da migração de clientes para GD e também para a rede básica.
Em contrapartida, a classe residencial apresentou aumento de consumo (+19,7 GWh ou +0,6%), assim como a classe rural (+11,2 GWh ou +1,5%). No mercado varejista, a holding e a Cemig Geração e transmissão venderam 343,4GWh.
A holding Cemig registrou vendas de 4.8913 GWh (+3,7%).