O ano de 2023 deve terminar com a produção de mais de 600 mil litros combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), o que representa o dobro da produção de 2022. Para 2024, a Associação do Transporte Aéreo Internacional (Iata) estima que o crescimento será ainda maior, com o triplo de produção de SAF, a 1,87 bilhão de litros.
Mesmo assim, o volume estimado para 2024 representa apenas 0,53% do combustível necessário para aviação e 6% da capacidade global de produção de biocombustíveis.
Para o diretor geral da Iata, Willie Walsh, a baixa oferta mantém os preços elevados de SAF. Ele calcula que cerca de 25% a 30% da capacidade de produção de biocombustíveis deveria estar alocada para a geração do combustível para aviação.
“É a política governamental que fará a diferença. Os governos devem priorizar políticas para incentivar o aumento da produção de SAF e diversificar as matérias-primas além das disponíveis localmente”, avalia Walsh em comunicado da Iata. “Os governos querem que a aviação atinja zero emissão líquida até 2050. Eles precisam fornecer políticas que possam promover o aumento exponencial necessário da produção de SAF”, cobra o diretor.
Mercado aquecido
A Iata avalia que o mercado de SAF é bastante interessante, com consumo de toda a produção disponibilizada e movimentação de US$ 756 milhões em 2023. Segundo a associação, pelo menos 43 companhias aéreas já se comprometeram a usar cerca de 16,25 bilhões de litros de SAF em 2030, “e mais acordos são anunciados regularmente”, diz nota da entidade.
O desafio, então, está em aumentar a oferta. Projeções da Iata apontam que a capacidade produtiva global de biocombustíveis será superior a 78 bilhões de litros em 2029. “Os governos devem criar políticas que incentivem os produtores de combustíveis renováveis a atribuir de 25 a 30 % da sua produção para o SAF”, avalia a Iata.
Diversificação de fontes
Segundo a Iata, de 85% das instalações de produção de SAF que entrarão em operação nos próximos cinco anos usarão a tecnologia de hidrotratamento, que utiliza gorduras animais não comestíveis (sebo), óleo de cozinha usado e graxa industrial como matéria-prima.
Diante da limitação destas matérias-primas, a associação recomenda o incentivo a outras rotas de SAF, como o Alcohol-to-Jet, e Fischer-Tropsch, que utilizam biorresíduos e resíduos agrícolas.
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