A Petrobras publicou um posicionamento ressaltando que cenário mundial atual é de escassez de combustíveis, o que pode resultar em uma tendência de alta nos preços, principalmente do diesel. Segundo a estatal, o Brasil é deficitário na produção do ativo, significando um impacto direto no aumento dos preços e nos suprimentos.
Em nota divulgada nesta quarta-feira, 8 de junho, a estatal afirmou que o atual cenário, um aumento nos preços tornou-se provável, uma vez que o consumo nacional de diesel é historicamente maior no segundo semestre, devido às atividades agrícolas e industriais.
“Ressalta-se, também, que o mercado interno registrou recorde de consumo de óleo diesel no ano passado e essa marca deverá ser superada em 2022”, declarou.
A petroleira ainda disse que adota uma dinâmica onde os reajustes nos preços do diesel e da gasolina do mercado internacional e da taxa de câmbio não sejam repassados automaticamente para os preços nacionais. O último aumento do diesel aconteceu em 10 de maio, e na gasolina o último reajuste ocorreu há quase 90 dias.
Na segunda-feira, o presidente da República, Jair Bolsonaro, anunciou algumas medidas para conter o preço dos combustíveis, como o pagamento de ICMS zerado pelos estados e a isenção de tributos federais sobre a gasolina e o diesel, por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), o que, para a estatal, não deve ter o efeito esperado.
Na visão da estatal, o mercado internacional também deve sentir um forte impacto na elevação dos preços no segundo semestre, já que alguns fatores como o aumento sazonal da demanda mundial, a menor disponibilidade de exportações russas, e as eventuais indisponibilidades de refinarias nos Estados Unidos e no Caribe – com a temporada de furacões que acontecem de junho a novembro.
“Diante desse quadro, é fundamental que a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado global seja referência para o mercado brasileiro de combustíveis, visando à segurança energética nacional”, afirma a companhia.
Política de preços
Dois dias após o presidente Jair Bolsonaro admitir ‘tentar mudar’ a Petrobras, a estatal reafirmou que a prática de preços segue alinhada ao mercado externo como uma forma de evitar desabastecimento e manter a segurança energética, alegando que caso o Brasil deixasse de acompanhar os preços internacionais, isso poderia afetar os negócios feitos pelas demais empresas do setor.
Segundo a empresa, “preços abaixo do mercado inviabilizam economicamente as importações necessárias para complemento da oferta nacional. Exemplos recentes de desalinhamento aos preços de mercado já se traduzem em problemas de abastecimento em países vizinhos ao Brasil”.
A companhia negou ter o monopólio do setor e diz que, “sem a prática de preços de mercado, não há estímulo para o atendimento ao mercado brasileiro pelos diversos agentes do setor”.
IBP
Ontem o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) também divulgou posicionamento sobre a política de preços. A entidade apontou que na América Latina, a combinação de baixa produção local de diesel, demanda em máximas históricas e baixos preços locais em virtude de controles governamentais culminaram em desabastecimento na Argentina recentemente.
“A escassez de diesel afeta 19 das 24 províncias do país, de acordo com a Federação Argentina de Entidades Empresariais. Esta ruptura tem provocado impactos na economia e alta nos preços dos combustíveis, o que atinge de forma mais crítica a população mais vulnerável”.
Além disso, os desdobramentos de uma intervenção podem perdurar por muitos anos, uma vez que retomada da confiança para investir em um setor intensivo de capital e com longo tempo de maturação é muito difícil.
“Nesse sentido, o IBP reforça a importância da liberdade de preços e reafirma sua defesa de um mercado aberto, competitivo, dinâmico, ético, com segurança jurídica e previsibilidade regulatória, gerando transparência e competitividade, com consequentes benefícios para toda a sociedade”.