Para 2026

Cemig tenta se antecipar à GD com centro de gestão e controle 

Edifício sede da Cemig. Foto: Divulgação
Edifício sede da Cemig. Foto: Divulgação

A Cemig pretende inaugurar em 2026 um sistema de Gestão de Recursos de Energia Distribuída (DERMS, na sigla em inglês), que também deve abarcar a modalidade de geração distribuída. De acordo com Reynaldo Passanezi, CEO da empresa, a implementação do centro busca fazer frente à intermitência da modalidade.

“Nosso propósito é ter a melhor tecnologia e estar preparado para fazer a gestão de toda a geração distribuída e de todo sistema. Nosso sistema tem muita GD e, por isso, teremos um sistema de controle, que também inclui a modalidade. Isso não implica em nenhuma decisão sobre curtailment ou de restrição, que são do Operador Nacional do Sistema Elétrico”, disse em coletiva de imprensa após painel de abertura do Sendi 2025.

Para o executivo, o sistema deve trazer uma maior precisão da real dimensão das instalações de GD, pois “hoje não se tem ideia do tamanho dessa geração”.

Segundo informações apresentadas no evento, no estado de Minas Gerais, área de concessão da Cemig, há 12 GW de potência fiscalizada de geração distribuída. Conforme balanço divulgado pela empresa no primeiro trimestre deste ano, a despesa consolidada com energia elétrica comprada para revenda foi de R$ 4,27 bilhões, alta de 21,5% em relação ao trimestre anterior.

A elevação decorreu de diversos motivos, incluindo o aumento de R$ 287,1 milhões (+43,3%) nas despesas com geração distribuída, decorrente do aumento na tarifa de compra de GD, do aumento no número de instalações geradoras (318 mil em mar/25 e 261 mil em mar/24) e do aumento de 30,5% na energia injetada, que totalizou 1.876 GWh no primeiro trimestre deste ano.

Opinião sobre MP

Em relação à Medida Provisória nº 1300/2025 de reforma do setor elétrico, Passanezi vê nos próximos 120 dias – período previsto de discussão no Congresso Nacional – a possibilidade de participação do setor para buscar melhor entendimento das regras impostas.

“Vejo a revisão de encargos e benefícios e da distribuição de subsídios como temas importantes. Imagino que esses serão temas de muita discussão, mas também vejo com bons olhos. Mas, temos preocupações com os prazos [de implementação], disse o CEO da Cemig.

Federalização da Cemig

Questionado sobre o futuro da Cemig, Passanezi manteve a linha de discursos recentes de que as discussões dependem do acionista controlador, o estado de Minas Gerais, além do avanço das discussões da Assembleia Legislativa de Minas Gerais com o governo federal.

“É uma decisão que cabe agora à Assembleia Legislativa, já existe uma proposta do governo de Minas de transformação da Cemig em uma corporation para posterior federalização, assunto em discussão na Assembleia”, disse.

Venda de ativos

Sobre a liminar concedida pela Justiça contra a suspensão de vendas de hidrelétricas da Cemig para a Âmbar Energia, do grupo J&F, o executivo destacou que os ativos representavam menos de 1% do parque gerador da Cemig, sendo que o movimento é uma realocação de capital.

“Entendemos que não são ativos estratégicos e estamos usando esses recursos para financiar o maior programa de investimentos da história da Cemig, cerca de R$ 59 bilhões entre 2028 e 2029. Por exemplo, acabamos de construir duas usinas de geração centralizada fotovoltaica, que são 180 MW, com um volume superior de investimento do que representavam essas pequenas centrais hidrelétricas”, destacou.

* A jornalista Poliana Souto viajou a convite da Cemig para participar do Sendi 2025