Distribuição

CPFL defende regulação do setor e fala em diálogo para lidar com impasse sobre tarifas

CPFL defende regulação do setor e fala em diálogo para lidar com impasse sobre tarifas

As discussões sobre as tarifas das distribuidoras, que ganharam destaque nas últimas semanas com as tentativas de congressistas de tentarem, via decretos legislativos, suspender os reajustes aprovados pelo regulador, devem ser resolvidas por diálogo entre todos os agentes, disse Gustavo Estrella, presidente da CPFL Energia. 

“Temos uma regulação madura, compreendida pelo mercado, que trouxe muito investimento e expansão do setor. Nossa expectativa é de preservação da regulação como pilar central. Buscar alternativas para o cenário, que é mais conjuntural do que estrutural, é dever de todos nós”, disse Estrella, durante teleconferência sobre os resultados da companhia no primeiro trimestre do ano.

O aumento das tarifas está diretamente ligado à inadimplência notada pelas distribuidoras, que cresceu no caso das concessionárias da CPFL no primeiro trimestre deste ano. Segundo Estrella, é preciso ter diálogo entre as empresas, o governo, o Congresso e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para se chegar a uma solução.

“Um bom exemplo dessas soluções é o empréstimo setorial, que trata uma questão conjuntural, diferindo o reajuste do consumidor em mais de um ano. É uma boa solução que preserva os contratos e a capacidade de pagamento dos nossos clientes”, disse Estrella. Nos últimos dois anos, foram dois empréstimos setoriais tomados para injetar recursos no caixa das distribuidoras, e que serão cobrados pela tarifa após um período de carência: a Conta-Covid, que tratou dos impactos extraordinários da pandemia, e a Conta Escassez Hídrica, voltada para os danos causados pela crise hídrica do ano passado.

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Embora a inadimplência tenha crescido no primeiro trimestre deste ano, com aumento de 66,9% nas provisões para devedores duvidosos, a CPFL vê uma tendência de estabilização. “Temos um plano de retomada de volume de cortes, seletivos inclusive”, disse Luis Henrique Ferreira Pinto, vice-presidente de Operações Reguladas da companhia. Segundo ele, outro ponto que reforça a expectativa de queda na inadimplência foi o fim da cobrança da bandeira tarifária escassez hídrica, desde meados de abril. 

Já a demanda dos consumidores deve ficar próxima da estabilidade em 2022, de acordo com Carlos Cyrino, diretor de Relações com Investidores da companhia. No segmento residencial, a tendência é de queda, enquanto as pessoas voltam a trabalhar nos escritórios. Na indústria, a  CPFL vê segmentos com demanda represada, que podem ter retomada da carga neste ano, mas isso vai depender do rearranjo global das cadeias de suprimento.

Cyrino lembrou que muitas indústrias passam por faltas de componentes, o que afeta a produção e, consequentemente, o consumo de energia. “O rearranjo acontecendo, temos expectativa de crescimento da indústria, mas é algo para o segundo semestre, fim do ano”, disse o executivo.

Enel Goiás

Questionado sobre um possível interesse na aquisição da Enel Goiás, antiga Celg, Estrella disse que o ativo tem hoje os mesmos desafios da época em que foi privatizada, cerca de cinco anos atrás.

A concessionária enfrenta desafios importantes, como as ações judiciais, e o risco dos indicadores operacionais, que, apesar dos grandes investimentos feitos pela Enel, ainda estão aquém das metas regulatórias. “Há uma negociação que precisa ser feita para que a companhia tenha mais tempo para entregar os indicadores”, disse.

Outro ponto destacado por Estrella é sobre a relação institucional com o governo de Goiás. “Nas nossas concessões, entendemos a importância de ter alinhamento, proximidade e parceria com os governos dos estados, é fundamental que isso seja construído também”, disse.

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