Para a italiana Enel, o decreto que estabelece os parâmetros para renovação das concessões de distribuição no Brasil está adequado ao momento de eventos climáticos extremos e que exigem maior resiliência das redes. “Queremos estar em conformidade com esta lei e apresentar um plano de investimentos”, disse o presidente global da Enel, Flavio Cattaneo, em evento para investidores na manhã desta segunda-feira, 18 de novembro.
Para o executivo, a legislação acerta ao reconhecer que eventos climáticos extremos causam prejuízos nas redes e ao estabelecer critérios de qualidade mais rigorosos, com investimentos antecipados. “Obviamente, precisamos investir para aumentar a qualidade, e concordamos totalmente com o governo”, disse Cattaneo. “Os apagões são mais longos e mais intensos porque segmentos inteiros da linha ficam inoperantes”, complementou.
Investimentos
No evento desta manhã, a Enel anunciou investimentos globais de 43 bilhões de euros entre 2025 e 2027, dos quais 6 bilhões devem ser destinados a redes na América Latina. Não foi informado quanto será investido no Brasil. O último plano de investimentos previa 3,5 bilhões de euros entre 2024 e 2026 para redes na América Latina.
Os 43 bilhões de euros a serem investidos entre 2025 e 2027 representam um aumento de 40% em relação ao plano anterior, segundo a companhia. Do total, 26 bilhões de euros devem ser investidos em redes, “e cerca de 78% devem ser alocados na Itália e na Espanha, países em que a regulação dá suporte a investimentos”, diz comunicado da Enel.
Cortes em São Paulo
No evento, Flavio Cattaneo também comentou o último apagão na área de concessão da Enel em São Paulo, que aconteceu após fortes chuvas em outubro e deixou mais de 3 milhões de unidades sem abastecimento. “Iniciamos investimentos alguns meses antes, então era impossível se beneficiar dos efeitos positivos deste plano”, avaliou o executivo.
Em abril, a Enel Brasil havia anunciado a ampliação de investimentos na concessão de São Paulo, que deveriam alcançar cerca de R$ 6,2 bilhões entre 2024 e 2026.
No evento, que foi realizado na Itália, o executivo avaliou que o desabastecimento em São Paulo se tornou mais sensível por ter acontecido entre o primeiro e o segundo turno das eleições municipais. “Então, você pode entender bem o clamor que se seguiu a esse apagão. As pessoas reclamavam que nós estávamos ganhando muito dinheiro enquanto a cidade inteira estava mergulhada na escuridão”, disse Cattaneo.