A renúncia por parte das empresas de todas as demandas judiciais inserida na consulta pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para tratar das concessões das distribuidoras é um dos pontos críticos para renovação de contratos, segundo o CEO da Neoenergia, Eduardo Capelastegui.
“Na nossa opinião, além de ser uma questão que não está no decreto, consideramos que limita o nosso direito à defesa. Toda empresa tem direito a defesa”, disse o executivo em teleconferência para exposição dos resultados do terceiro trimestre de ano.
Capelastegui também criticou outro ponto do documento proposta pela Aneel que limita a participação das distribuidoras em suas áreas de concessão no mercado livre. Para ele, o tema já está sendo discutido na tomada de subsídios 14, que tem como objeto discutir o abuso de poder no mercado livre diante de denúncias envolvendo distribuidoras.
“Está não é uma questão para a Nota Técnica, porque já está sendo discutido na tomada de subsídios. Precisamos definir qual é o futuro do mercado livre no Brasil”, destacou.
Apesar dos pontos, ele classificou outros itens da nota técnica como positivos, incluindo a mudança na remuneração dos investimentos anualmente pelos setores, o que pode incentivar maiores aportes por parte das concessionárias e “melhorar a qualidade dos serviços”.
Antecipação da Termopernambuco
O executivo também falou o início de operação comercial das unidades geradoras UG1 a UG3, num total de 550 MW, da usina termelétrica Termopernambuco no início de outubro. A operação da planta foi antecipada em dois anos em um contexto de ações do governo para garantir o atendimento à ponta da carga.
Segundo Capelastegui, a decisão foi acertada, dada a relevância da planta para garantir estabilidade na ponta, sendo que a usina já foi despachada quatro vezes nas últimas duas semanas. Questionados sobre novos despachos da usina, o executivo informou que a expectativa da empresa é entre dez e 20, números que podem variar dependendo do cenário hidrológico.
Além disso, o CEO da Neoenergia informou que, pelos cálculos da empresa, a antecipação pode gerar cerca de R$ 500 milhões em recursos, dependendo do volume de despachos nos próximos meses.
“Sem a antecipação, teríamos um Ebitda negativo, porque precisaríamos desconectar a planta e ainda tem a questão de manutenção”, falou.
Resultados
A Neoenergia contabilizou lucro líquido de R$ 841 milhões no terceiro trimestre deste ano, queda de 46% em relação ao mesmo período de 2023.
A receita líquida totalizou R$ 11,833 bilhões no período, crescimento anual de 23%.
O Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda, da sigla em inglês) somou R$ 2,485 bilhões, redução de 5%.
O indicador financeiro dívida total líquida/Ebitda passou de 3,17x em dezembro de 2023 para 3,43x em setembro de 2024.
Os resultados do trimestre foram impactados por reajustes tarifários negativos da parcela B das distribuidoras.
Mercado
A energia distribuída foi 18.355 GWh na etapa, alta de 6,2%. Já a energia injetada total, incluindo GD, foi de 20.799 GWh, elevação de 4,1%.
No período, a energia eólica e solar gerada foi de 1.923 GWh, 21,6% acima da etapa anterior. O curtailment da empresa ficou em 5%.
A energia hídrica gerada foi de 615 GWh, redução de 33,0%, explicada pela permuta de ativos com a Eletrobras.