Economia e Política

Brasil precisa entender que jogo das renováveis mudou, diz Élbia Gannoum

Em meio aos debates envolvendo a transição energética e a sua reindustrialização, o Brasil carece de políticas estruturais que possam aumentar a sua competitividade frente a outros países. A visão foi compartilhada por Élbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), enquanto falava sobre como o país precisa parar de se "aventurar" e entender que o jogo das renováveis, principalmente o das eólicas, mudou.  

Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica)
Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica)

Em meio aos debates envolvendo a transição energética e a sua reindustrialização, o Brasil carece de políticas estruturais que possam aumentar a sua competitividade frente a outros países. A visão foi compartilhada por Élbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), enquanto falava sobre como o país precisa parar de se “aventurar” e entender que o jogo das renováveis, principalmente o das eólicas, mudou.  

“Acabou a brincadeira. Não dá mais para fazer políticas, ou melhor, uma pseudopolítica. Fizemos, foi um sucesso, mas não dá mais para repetir essa receita, porque o jogo é outro, o jogo mudou. Não dá para encarar uma política tão estruturada quanto a dos Estados Unidos [Inflation Reduction Act] ou uma política da Europa [Plano Industrial Green Deal]”, disse a executiva em um dos painéis Brazil WindPower, realizado nesta quarta-feira, 13 de setembro. 

Segundo Gannoum, ao longo dos anos a indústria eólica brasileira foi incentivada por alguns fatores cruciais, como os contratos de longo prazo e os leilões, mas algumas questões fizeram com que as iniciativas adotadas pelo país no passado não surtissem mais o mesmo efeito.  

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A fala da presidente da Abeeolica veio após Pedro Henrique Mesquita, especialista em Relações Públicas da Vestas, afirmar que a falta de isonomia entre as turbinas fabricadas no Brasil e no exterior tem desestimulado e ameaçado a companhia, que levou dez anos para se consolidar no setor eólico brasileiro.
No mesmo painel, Luciano Coutinho, professor do instituto de economia da Unicamp, concordou com ambos os executivos, acrescentando que o Brasil precisa repensar seu mix de políticas para “não morrer na praia”.

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“Criamos ferramentas que funcionaram, mas que hoje estão debilitadas ou que seria difícil retornar aquele mesmo formato que foi bem-sucedido. Então, nós precisamos repensar o mix de políticas, porque se nós não o fizermos, a gente pode morrer na praia. Estamos num momento crucial de estruturar essas políticas para poder dar partida a um processo que é aquilo que eu sei que está ali angustiando, porque há um consenso no país sobre essas oportunidades, mas chegou a hora de colocar em prática”, afirmou o docente.  

Hidrogênio no Brasil A inclusão do hidrogênio de baixo carbono na PEC 45/2019, relativa à reforma tributária, ou em outros movimentos políticos atuais do Brasil também foi abordada pelo especialista da Vestas, que vê nessas ações um momento ideal para o país resolver problemas relacionados à falta de espaço fiscal.

“Eu acho que a reforma tributária é uma oportunidade para a gente colocar ali dentro a desoneração da indústria do hidrogênio de forma que os bens de capital a ela associados também sejam desonerados e que se fomente. Acho que não tem política pública melhor para reindustrializar um país que desonerar uma indústria que ainda não existe”, disse Pedro Henrique Mesquita.