Óleo e gás

Brava se prepara para conectar mais quatro poços no campo de Atlanta

Atualmente com dois poços, ativo já produziu mais de 32 milhões de barris

Enauta_FPSO-Atlanta-em-rota-para-o-Brasil
FPSO Atlanta, da Brava Energia. Empresa deve perfurar mais quatro poços no campo, que deve chegar a oito perfurações. Outros dois poços também são estudados pela companhia.

A Brava Energia, empresa resultante da integração de negócios entre a 3R Petroleum e a Enauta, se prepara para a conexão de mais quatro poços no campo de Atlanta, na Bacia de Santos, e estuda a implantação de outros dois poços no ativo. Atualmente, o campo de Atlanta conta com dois poços que produzem em média 26 mil barris de óleo por dia. Em abril de 2024, o ativo chegou à marca de 30 milhões de barris produzidos.

O terceiro e o quarto poços do campo de Atlanta devem ser conectados em “um mês e meio”, segundo o diretor de Operações Offshore da Brava Energia, Carlos Mastrangelo. E, até o fim de junho, a empresa deve conectar mais dois, chegando a um total de seis poços no ativo. “Antes do Carnaval”, a empresa deve tomar a decisão final de investimento sobre outros dois poços, chegando assim a um total de oito poços no ativo, segundo Mastrangelo.

O Campo de Atlanta é operado pela Brava, que tem 80% de participação. A empresa tinha participação total no ativo, mas em março de 2023 fez parceria com a Westlawn, que adquiriu 20% dos Campos de Atlanta e Oliva por US$ 300 milhões.

Após esperar cinco meses para iniciar a operação do FPSO Atlanta, em função dos movimentos de servidores no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a Brava não deve enfrentar problemas para implementar os novos poços, já que a licença de Atlanta contempla até 12 perfurações.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE Minuto Mega Minuto Mega

Considerando que a análise final de investimento para a os poços de número sete e oito em Atlanta seja positiva, a campanha deve acontecer em sinergia com outras duas perfurações no Campo de Papa-Terra, localizado na Bacia de Campos e que também é operado pela Brava. A empresa estuda, ainda, uma perfuração no campo de Malombe, na Bacia do Espírito Santo. Segundo Mastrangelo, a contratação da sonda está sendo feita para quatro poços (dois em Atlanta e dois em Papa-Terra) com a opção de mais um (Malombe).

“[Malombe] é um tie-back, é um poço que nós estamos avaliando em uma área que fica a cerca de 18 quilômetros do Campo de Peroá. Se for à frente, a gente tem já a opção de perfurar e conectar, produzir através de Peroá”, conta Mastrangelo.

Primeira descarga do FPSO Atlanta

A Brava também se prepara para o primeiro offload (descarga) do petróleo produzido pelo FPSO Atlanta, que deve acontecer no próximo domingo, dia 23 de fevereiro. “Nós batemos ontem [dia 17 de fevereiro] um milhão de barris. No sistema antecipado [do campo de Atlanta, com o FPSO Petrojarl] foi 31 milhões”, conta Mastrangelo. A capacidade total de armazenamento da unidade é de 1,6 milhão de barris, mas a descarga é feita antes de atingir a capacidade total por questões de segurança.

Esta descarga será destinada à Trafigura, empresa de trading de commodities que firmou com o consórcio de Atlanta contrato para a compra de 6 milhões de barris de óleo. O prazo de entrega de todas as cargas não foi informado.

O FPSO Atlanta começou a operar nos últimos dias de 2024 e tem hoje produção de 26.150 barris de óleo por dia e 180 mil nM³ diários.

O navio-plataforma chegou ao Brasil em maio de 2024, após montagem no estaleiro Drydocks World, em Dubai. A embarcação foi feita a partir do casco existente do FPSO OSX-2, construído pela SBM Offshore (via contrato de engenharia, construção, suprimento e instalação – EPCI, na sigla em inglês) para a empresa naval OSX, com destinação de operação com a petroleira OGX – sendo a OSX e OGX do empresário Eike Batista. O navio foi entregue em 2013, mas nunca chegou a operar. Em 2022, a Enauta comprou a embarcação, que passou por dois anos de modernizações até ser reinaugurada como FPSO Atlanta.

As reformas trataram de recuperar as estruturas para aumentar a vida útil, além de adaptar o navio para as condições do Campo de Atlanta. “O projeto original do navio era para uma lâmina d’água de pouco mais de 100 metros. Aqui, a gente está a 1.500 metros, a ancoragem é toda diferente. O óleo e a temperatura que você precisa para processá-lo são diferentes. A sala de controle era um equipamento antigo, você tem que renovar”, explica Mastrangelo.

Inicialmente, o FPSO Atlanta era um projeto integral da Enauta, que finalizou a compra da embarcação em 2022 por US$ 80 milhões, com investimentos totais para o projeto estimados em US$ 1,2 bilhão. Entre julho e agosto de 2023, a Yinson declarou e exerceu a opção de compra da embarcação, por US$ 465 milhões.

Atlanta é o primeiro projeto de águas profundas integralmente desenvolvido por uma empresa independente. Carlos Mastrangelo explica que normalmente empresas independentes não assumem projetos deste porte, passando a operação para uma empresa “major”, com maior poder de barganha e negociação junto a fornecedores.

Segundo Mastrangelo, a opção da então Enauta por tocar o projeto sozinha se deu pelo contexto de pandemia e pelo histórico do ativo, que chegou a ter como parceiros a OGX, que saiu após processo de arbitragem, e a Barra Energia.

“Ia ser difícil a gente buscar [outro parceiro]. A ideia foi a seguinte: vamos enfrentar sozinhos. A gente começou o projeto a 100%”, recorda. “E, mais recentemente, nós tivemos uma excelente entrada de um parceiro, o Westlawn, que entrou com 20%”, conclui.

A repórter visitou o FPSO Atlanta a convite da Brava Energia

*Matéria editada às 13h29 para correção. Os quatro poços em Atlanta serão conectados, e não perfurados