O mercado de geração solar fotovoltaica de grande porte deve passar por uma consolidação nos próximos anos, possibilitando oportunidades de aquisições para a AES Brasil, disse Bernardo Sacic, diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da companhia, durante o AES Brasil Day, evento para investidores e analistas.
Segundo o executivo, ainda há espaço para aquisições de ativos de geração eólica, mas o mercado já passou por uma consolidação. “Vemos poucas oportunidades, mas alguns dos negócios são grandes, de mais de 1 GW, vindo a mercado para eventual negociação ou mesmo IPO”, disse.
No segmento de geração solar centralizada, por sua vez, os projetos no mercado livre ainda estão sendo desenvolvidos por empresas menores. “Vai ter uma grande movimentação de M&A daqui um, dois anos com esses projetos solares. Ainda teremos tempo atuando com M&A”, disse Sacic, se referindo à sigla em inglês para fusões e aquisições.
A AES Brasil tem também um portfólio de ativos desenvolvidos para serem construídos pela companhia, que inclui ativos solares e eólicos. O foco, neste momento, está na fonte eólica, já que esta fonte sofreu menos com a volatilidade cambial. “Embora a eólica tenha sofrido com a variação dos preços de metais, a solar sofreu mais pois há equipamentos totalmente importados”, disse Sacic. Como a AES tem um contrato que reserva cerca de 1,5 GW em equipamentos eólicos com a Nordex, isso ajuda a empresa a ter mais previsibilidade na negociação dos empreendimentos. O pipeline de solar, por sua vez, deve ser desenvolvido futuramente, quando os preços se estabilizarem em patamares mais competitivos.
“Hoje em dia, embora a gente veja um grande número de projetos cadastrados no regulador, projetos bons e competitivos são poucos. Existe uma grande busca desses projetos”, disse Sacic, se referindo à corrida por outorgas de empreendimentos renováveis diante do fim do desconto no uso da rede a partir de fevereiro de 2022.
Segundo Rogério Jorge, diretor de Relacionamento com o Cliente da AES Brasil, o prêmio das fontes incentivadas está alto e tende a ficar ainda maior, já que o desconto será ainda maior. “Na nossa visão, será um produto de alto valor agregado um portfólio que tenha volume de energia incentivada descontratada para capturar o benefício, que é o nosso caso aqui”, disse Jorge.
A expansão da capacidade instalada por fontes renováveis faz parte da estratégia da AES Brasil para diversificar sua matriz e minimizar o risco hidrológico. Projetos híbridos das fontes eólica e solar também estão em desenvolvimento, a espera da regulamentação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo Sacic, estão sendo estudados cerca de 400 MW adicionais da fonte solar no cluster eólico de Cajuína e outros 600 MW nas proximidades do complexo eólico Alto Sertão II.
A AES tem hoje 2,6 GW em hidrelétricas e 1,55 GW em eólica e solar. Segundo Clarissa Sadock, presidente da companhia, as concessões das hidrelétricas terminam em 2032, devido à extensão possibilitada pela adesão à nova repactuação do GSF. “A expectativa natural é de renovação três anos antes do fim, mas temos todo interesse em antecipar a discussão, se for possível”, disse.