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Analistas elogiam operação proposta pela Omega Geração, mas ações recuam

Analistas elogiam operação proposta pela Omega Geração, mas ações recuam

A proposta da Omega de consolidar os braços de geração e desenvolvimento foi bem recebida por analistas do mercado, mas a reação foi ligeiramente negativa nas ações da Omega Geração. Os papéis fecharam o pregão dessa segunda-feira, 27 de setembro, com queda de 1,21%, a R$ 33,60.

Segundo a XP investimentos, a transação, que incorpora a Omega Desenvolvimento pela Omega Geração com um valuation de R$ 2,6 bilhões, destrava valor para o grupo por meio de potenciais sinergias de até R$ 1 bilhão.

O acordo proposto, que ainda precisará ser aprovado pelos acionistas não controladores da Omega Geração, prevê que a companhia que hoje é listada em bolsa vai representar 74,4% da nova empresa, e a Omega Desenvolvimento vai representar as ações correspondentes aos 25,6% restantes. Cada ação da Omega Geração vai receber 1,489 ação da Omega Energia.

A relação de substituição foi calculada considerando o preço por ação da Omega Geração de R$ 40,00, prêmio de 18% sobre o preço de fechamento das ações da companhia no pregão de ontem, de R$ 33,90. No caso da Omega Desenvolvimento, foi considerado o fluxo de caixa descontado de 33,5% do portfólio em desenvolvimento pela empresa. 

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Como as ações da Omega Geração foram precificadas 18% acima do preço de mercado, a XP calcula que os atuais acionistas terão um ganho de R$ 2 bilhões, ou 30% em relação ao valor de mercado atual.

“Em nossa visão, a iniciativa de aumentar as opções de projetos greenfield é boa para os minoritários da Omega, já que aumenta os potenciais ganhos com novos projetos no futuro, eliminar conflitos e permite ganhos com sinergias”, escreveram os analistas Carolina Carneiro e Rafael Nagano, em relatório do Credit Suisse.

As empresas foram criadas como “irmãs” dentro da holding Omega, com o objetivo de proteger a Omega Geração de riscos relacionados aos novos projetos, uma vez que o segmento de geração renovável ainda não era consolidado quando o braço de geração fez sua oferta pública inicial de ações (IPO), em 2017. Segundo os analistas do Credit Suisse, contudo, depois de muitos negócios e da expansão sustentável do setor, o mercado deixou de ver o desenvolvimento e a construção de novos empreendimentos como um fator de risco, e investidores começaram a questionar a administração da companhia sobre os ganhos que seriam possíveis com uma fusão.

“A combinação dos negócios das duas empresas irmãs tem sido uma demanda crescente dos investidores. A Omega Desenvolvimento desenvolveu com sucesso, e reduziu os riscos, diversos ativos renováveis ao longo dos anos, e os transferiu à Omega Geração com retornos atrativos aos acionistas. No entanto, os investidores perceberam que uma grande parte dos retornos desses projetos acabaram sendo absorvidos pela Omega Desenvolvimento, motivo pelo qual estão agora dispostos a aceitar o risco greenfield em troca de uma fatia maior da lucratividade”, escreveram os analistas João Pimentel e Gisele Gushiken, do BTG Pactual.

A Omega Desenvolvimento hoje tem um portfolio de 6,4 GW, dos quais 717 MW têm contratos de longo prazo de venda de energia (PPAs, na sigla em inglês) assinados. O Credit Suisse estima que a incorporação da companhia vai adicionar de R$ 2 bilhões a R$ 2,3 bilhões em valor presente líquido à Omega Geração, mas o ganho final depende dos PPAs que ainda serão assinados, e também do financiamento desses empreendimentos.

O BTG Pactual estima que o valor presente líquido do portfólio da Omega Desenvolvimento chegue a R$ 1,9 bilhão, um valor inferior aos R$ 2,3 bilhões utilizados no valuation do negócio. “Como investidores confiam menos em valores atribuídos a projetos sem PPAs, o valuation parece exagerado”, diz o relatório do banco. 

Os analistas do BTG, contudo, admitem que há outros potenciais ganhos com a transação, como potenciais cortes de custos, da ordem de 10% a 12%, e projetos adicionais a serem desenvolvidos no Brasil e nos Estados Unidos.

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