A União Europeia (UE) aprovou, em três decisões, subsídios de até 5,85 bilhões de euros para medidas de descarbonização industrial e incentivo a fabricantes de equipamentos necessários para a transição energética. Os anúncios ocorreram entre os dias 19 e 20 de julho, quando também foi divulgada pesquisa Eurobarômetro, feita pelo bloco, que aponta que as mudanças climáticas são um problema sério para 93% dos europeus e que 73% dos cidadãos do bloco acham que o custo dos danos causados pelas mudanças climáticas é “muito superior” ao investimento necessário para a transição rumo a uma economia verde.
Na França, a ArcelorMittal garantiu subsídio de 850 milhões de euros para descarbonizar parcialmente sua produção de aço na cidade de Dunquerque, onde opera três altos-fornos que utilizam coque, carvão e outros insumos, além de três fornos de oxigênio.
A doação da UE será destinada à substituição de dois altos-fornos e dois fornos básicos de oxigênio. Inicialmente, a nova estrutura utilizará gás natural, que será gradualmente substituído por hidrogênio verde ou de baixo carbono, biogás e energia elétrica. As novas instalações deverão estar prontas em 2026 com produção anual de 4 milhões de toneladas de aço líquido de baixo carbono. Com a medida, espera-se evitar a emissão de 70 milhões de toneladas de dióxido de carbono durante os 15 anos de vida do projeto.
ThyssenKrupp poderá receber até 2 bi de euros em 10 anos
Na Alemanha, a ThyssenKrupp Steel Europe vai receber 550 milhões de euros para a substituição de um alto-forno. Inicialmente, as novas instalações serão abastecidas por gás natural, que deverá ser gradualmente substituído até 2037, quando a usina deverá operar apenas com hidrogênio verde.
Outro 1,45 bilhão de euros poderá ser pago à ThyssenKrupp durante os dez primeiros anos de operação da nova usina, para subsidiar a compra de hidrogênio verde. A efetivação deste auxílio estará condicionada a auditorias anuais independentes, que irão avaliar os volumes e o preço do combustível renovável. A ThyssenKrupp deverá realizar licitação para a compra do combustível ao melhor preço.
A UE avalia que as autoridades alemãs serão capazes de “limitar as distorções à concorrência” que o auxílio à ThyssenKrupp, que pode chegar a 2 bilhões de euros em dez anos, pode representar.
As novas instalações da ThyssenKrupp devem começar a operar em 2026, com a produção anual de 2,3 toneladas de gusa líquido de baixo carbono, evitando a emissão de mais de 58 milhões de toneladas de CO2 durante a vida útil da usina.
3 bi de euros para equipamentos estratégicos
Também na Alemanha, outros 3 bilhões de euros serão destinados a empresas produtoras de “bens estratégicos” para a transição energética. Serão contemplados investimentos em baterias, painéis solares, turbinas eólicas, bombas de calor, eletrolisadores, equipamentos para captura e armazenamento de carbono, assim como insumos necessários à construção e operação destes equipamentos.
O montante será distribuído em forma de doações diretas, incentivos fiscais, empréstimos a taxas de juros reduzidas e garantias para novos empréstimos. Os auxílios serão distribuídos até o final de 2025.
Para população do bloco, transição é urgente
Os investimentos em descarbonização e transição energética da UE estão alinhados às expectativas dos cidadãos do bloco. Pesquisa Eurobarômetro divulgada pela UE nesta quinta-feira, 20 de julho, aponta que 73% dos europeus acham que o custo dos danos causados pelas mudanças climáticas é “muito superior” ao investimento necessário para a transição rumo a uma economia verde.
Cerca de nove entre dez europeus do bloco (87%) acreditam que é importante que a UE estabeleça metas ambiciosas para aumentar o uso de energia renovável e 85% avalia ser importante que o bloco tome medidas para aprimorar a eficiência energética.
A pesquisa também revelou que cerca de 1/3 dos cidadãos do bloco se sentem expostos a riscos ambientais e relacionados ao clima e que 84% dos europeus avaliam que enfrentar as mudanças climáticas e questões ambientais deve ser prioridade para melhorar os indicadores de saúde pública.
Segundo a pesquisa, 93% dos europeus acreditam que as mudanças climáticas são um problema sério e 58% da população do bloco avalia que a transição para uma economia verde precisa ser acelerada.
A pesquisa Eurobarômetro sobre mudanças climáticas entrevistou 26.358 cidadãos da UE de diferentes grupos sociais e demográficos em todos os 27 Estados-Membros da UE. A pesquisa foi realizada entre 10 de maio e 15 de junho de 2023. Todas as entrevistas foram realizadas pessoalmente, fisicamente nas casas das pessoas ou por meio de interação remota por vídeo.
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