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Brasil pode importar ‘algum gás’ da Argentina em 2025, diz presidente da Petrobras

Magda Chambriard, presidente da Petrobras
Magda Chambriard, presidente da Petrobras | Rafael Pereira - Agência Petrobras

A importação de gás de países vizinhos pode ajudar a viabilizar a oferta da molécula produzida no próprio Brasil dentro de alguns anos, de acordo com Magda Chambriard, presidente da Petrobras. Segundo ela, o aumento da oferta do gás importado tende a reduzir o seu preço pelo aumento da competição, enquanto o país se mobiliza para extrair combustível da região do pré-sal e transportá-lo para a costa. 

O cenário, na visão da executiva, demonstra a importância da integração energética da América do Sul e a necessidade de recomposição de reservas da empresa. 

Em entrevista ao programa “Canal Livre”, da Band TV, neste domingo, 29 de dezembro, ela chamou atenção para a expectativa de pico na produção de petróleo da empresa entre 2030 e 2032, com plena utilização dos recursos da área do pré-sal antes do declínio. De acordo com Chambriard, o cenário fez a Petrobras concentrar seus esforços na recomposição de suas reservas e na expansão da sua oferta de gás.

“A exploração da Petrobras desabou praticamente de 2014 para cá. Em 2023, nós não furamos nenhum poço pioneiro e neste ano nós furamos só dois, o que é um número muito pequeno para o Brasil. Furamos na Colômbia, fizemos descoberta de gás na Colômbia e então o esforço será por repor essa reserva”, disse a executiva.

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No início de dezembro, a estatal brasileira e a Ecopetrol anunciaram a maior descoberta de gás da história da Colômbia. Segundo a executiva, ocorreram duas descobertas relevantes de gás no local, que tem cinco possibilidades de perfuração. Caso as expectativas para o bloco ocorram dentro do cenário otimista, Chambriard acredita que o gás colombiano poderá atender o mercado brasileiro.

Sobre um acordo do Brasil com a Argentina, a presidente da estatal destacou que o Brasil pode ter “algum gás” a partir de 2025, mediante reversão do fluxo de transporte do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), que hoje opera na direção de exportar gás da Bolívia para os países vizinhos. Em complemento, a executiva ainda defendeu o resgate do gás natural do pré-sal.

“O futuro do pré-sal é que esses campos se transformem em campos de gás. Porque produzimos óleo e o gás fica na área. Entendemos no passado que não era econômico produzir esse gás. [Mas], estamos resgatando isso. Então, vamos trazer gás para a costa”, falou.

Petrobras no Brasil

A estatal também buscará expandir sua produção do campo de Búzios, que deve alcançar cerca de 800 mil barris de petróleo por dia “em breve”.

Questionada sobre a possibilidade de exploração da bacia do Foz da Amazonas em 2025, a executiva destacou que a estatal estuda a área há dez anos e detém todas as ferramentas para iniciar o processo. Em relação ao tratamento da questão no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Chambriard disse que a Petrobras “entregou todas as respostas [ao órgão ambiental] em uma reunião técnica”.

>> MPF entende que plano da Petrobras para Foz do Amazonas é insuficiente.

O leilão das áreas da Margem Equatorial ocorreu em 2013, quando Magda era diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), visando diversificar a distribuição de tributos do petróleo.

Antecipação

Em seu balanço sobre o ano de 2024, Chambriard destacou a antecipação de duas plataformas, sendo uma com capacidade para produzir 100 mil barris de óleo equivalente por dia (boed) e outra com 225 mil boed, para ajudar a aumentar a produção da estatal.