A carga tributária brasileira é o fator que mais pesa na conta de luz das industriais, mostra pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que entrevistou 1.002 executivos de indústrias de pequeno, médio e grande portes, distribuídos em cinco regiões, de 30 de abril a 24 de maio.
No levantamento, os impostos foram indicados por 78% dos entrevistados, sendo apontado por 60% como o primeiro fator e por 18% como segundo motivo.
“O custo da produção da energia no Brasil é barato, mas a nossa conta de luz é uma das mais caras do mundo. Reduzir o preço da energia é uma obsessão da indústria brasileira. Para isso, a diminuição dos encargos é um imperativo não apenas para contribuir com a competitividade do setor industrial, mas para garantir a sustentabilidade econômica do próprio setor elétrico nacional”, destacou o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Além da carga tributária, os entrevistados também apontaram como fatores de pressão na tarifa os períodos de seca/ mudanças climáticas (29%), o custo de transmissão de energia (27%), os subsídios pagos na conta de luz (17%) e o custo da geração de energia (16%).
>> Ouça: PLD no teto e a volta da volatilidade no mercado livre.
Indústrias: Subsídios na energia
Questionado sobre o impacto do custo da anergia na competitividade das suas empresas, 55% dos entrevistados afirmaram que excesso de subsídios afeta negativamente na competitividade. Outros 47% consideram que esses benefícios concedidos a alguns poucos setores econômicos são responsáveis pelo alto custo da energia elétrica no Brasil.
Já 54% das indústrias do estudo disseram que deveriam receber subsídios governamentais para o custeio de energia elétrica.
Citando dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a confederação aponta que, atualmente, os impostos e os encargos representam um total de 44,1% do valor da conta de luz.
Indústrias no ACL
Ainda de acordo com a pesquisa da CNI, 26% das indústrias estão no mercado livre de energia, sendo que 10% operam exclusivamente nesse modelo. Já 56% dos entrevistados ainda compram energia exclusivamente do ambiente de contratação regulado (ACR).
Quando questionados sobre a intenção de migrar para o ambiente de contratação livre (ACL), 33% das indústrias dizem querer aderir à modalidade, 21% afirmam que talvez possam migrar e 42% informam que não pretendem fazer esse movimento.
O índice, no entanto, aumenta para 48% se consideradas só as médias e grandes indústrias.
Em relação à autogeração, 24% falaram que tem a intenção de investir nos próximos 12 meses. Por outro lado, 74% afirmaram não ter vontade.
Falhas no fornecimento de energia
As falhas no fornecimento de energia é a queixa mais frequente das indústrias, sendo que 70% tiveram ao menos uma queda de luz nos últimos 12 meses; 51% tiveram mais de cinco falhas de fornecimento ao longo de um ano; e 21% registraram problemas mais de dez vezes neste período.
Perguntados sobre a qualidade do fornecimento de luz, 11% responderam como excelente; 43% como boa; 28% como regular; 9% como ruim; e 9%, péssima.
“O maior problema da queda de energia para a indústria é a paralisação da produção. A depender do tipo de empresa e da linha de produção, há perdas de matéria-prima, produtos e horas de trabalho. São prejuízos consideráveis, que acabam impactando em custos elevados para as indústrias”, destacou o gerente de Energia da CNI, Roberto Wagner Pereira.
Fonte energética da indústria
Os dados também mostram que a energia elétrica é a fonte energética mais utilizada por 80% das indústrias para o processo industrial. Na sequência, aparecem energia solar (10%), gás natural (2%), óleo diesel (2%) e lenha (1%).