Distribuidora da rede de postos Shell, a Raízen deve ser favorecida pelo aumento nos preços da gasolina e diesel pela Petrobras, segundo o CEO da companhia, Ricardo Mussa. Com estoques de etanol, o executivo não informou qual será a estratégia de comercialização da companhia, mas destacou que a empresa sucroenergética vê potencial no mercado doméstico e internacional.
“Nós já esperávamos esse aumento de preço, porque a situação estava desafiadora, principalmente no setor de suprimentos de diesel no Brasil, e vimos impacto no etanol também. Isso é positivo para nós, que estávamos preocupados com os preços baixíssimos”, disse Mussa em teleconferência de resultados com analistas e investidores.
A alta nos preços da estatal vem depois do anúncio do fim da paridade de preços de importação da Petrobras, que levou a uma redução nos valores dos combustíveis, causando um aumento na oferta de diesel no mercado brasileiro. Além disso, desde fevereiro, quando a União Europeia impôs sanções ao diesel da Rússia, houve aumento da oferta do combustível russo no mundo, com entrada de volumes crescentes no Brasil.
A soma da política da estatal e a entrada russa causou um cenário de sobreoferta do diesel, reduzindo a competitividade do etanol. Para lidar com a redução na demanda, a Raízen preferiu elevar os estoques do biocombustível na primeira fase do ano, causando o que o CEO definiu como “um primeiro trimestre sem trabalho fantástico”.
“O consumo do etanol está crescendo, porque ele está mais competitivo do que a gasolina, pelo menos nos estados mais importantes de consumo de etanol. É claro que esse aumento [da Petrobras] deve elevar os preços, mas não sei se agora é o momento de comercialização”, disse o CEO da Raízen.
Resultados Raízen
A Raízen registrou lucro líquido ajustado de R$ 527 milhões no primeiro trimestre da safra 23/24, queda de 52% ante o mesmo período de 2022.
Já a receita líquida consolidada no período foi de R$ 48,8 bilhões, queda de 26% na mesma base anual. Por sua vez, o Ebitda (sigla para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado totalizou R$ 3,3 bilhões, ante R$ 3,6 bilhões em igual trimestre de 2022/23, recuo de 11%.
O processamento de cana atingiu 26,8 milhões de toneladas no período, alta de 1,5% na comparação anual. Enquanto a fabricação de etanol caiu 9,6%, para 951,7 milhões de litros.
A Raízen destacou em seu balanço que diminuiu o volume vendido de etanol em 23,3%, para R$ 1,074 bilhão de litros, com preços pressionados no mercado local incentivando menor concentração de vendas.
Em relação ao El Ninõ, Mussa afirmou que a companhia não sabe quantos dias de colheita tem pela frente, mas que a produção está acelerada.