Depois de mais de dois anos em que os novos controladores da Cesp se concentraram em resolver problemas no balanço, como contingências judiciais e déficit energético, a companhia se prepara para, em 2021, começar a considerar expansão.
“Viemos numa agenda muito forte de preparação da Cesp para plataforma de crescimento. É obvio que essa agenda não se exauriu, mas estamos muito próximos de começar uma discussão interna nesse sentido”, disse Mario Bertoncini, presidente da companhia, em teleconferência com investidores e analistas para comentar os resultados do quarto trimestre do ano passado.
Segundo o executivo, neste ano, a companhia já teve ter uma disposição maior em olhar potenciais alvos de crescimento no mercado. “Na medida em que for adequado e pertinente, poderemos nos debruçar numa discussão sobre isso”, afirmou. Ele destacou, contudo, que a Cesp não está avaliando nenhum processo de aquisição neste momento.
“Enquanto não entramos numa nova fase de expansão, é razoável imaginar que a Cesp continuará sendo uma forte pagadora de dividendos”, disse.
Para 2021, a Cesp já adquiriu cerca de 90% da exposição energética, afirmou Bertoncini. Ele não abriu os preços de negociação de energia da companhia, mas explicou que os preços estão entre R$ 150/MWh a R$ 160/MWh nos próximos anos.
Em relação ao GSF, que ficou em 80% em 2020, a Cesp espera um déficit semelhante em 2021, entre 79% e 80%, maior que o esperado pela CCEE, de 83%. “É um aspecto a ser monitorado, que tem efeito sobre o setor. Não é de hoje que somos céticos com o GSF e estamos nos protegendo”, disse.
Enquanto a companhia investe na sua plataforma de comercialização de energia, começa também um processo de descentralização da carteira de clientes, hoje muito voltada para “poucos e bons” clientes de carga mais alta. “Temos a expectativa da expansão da base de clientes, de forma muito criteriosa, voltados para clientes de porte médio e com foco na comercialização”, disse o presidente da empresa.
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